“Arrojado e fresco – é mais sofisticado”, anunciou Donatella Versace nos bastidores.
Usava um look em preto total, iluminado por um dourado padrão grego de assinatura Versace em torno das ancas – adequado a um desfile cujo convite era um longote de ‘ouro’.
O desfile abriu com um despojado fato alinhavado a branco. O facto das saias serem curtas ou abertas ao lado e das modelos equilibrarem-se em saltos transparentes trouxe uma vibração sexy.
A passerelle tinha ainda outros efeitos de vidro, transparentes, com luzes em rosas e azuis pastel, a sugerir promessas de boudoir.
Aquelas cores Igirly foram continuadas em vestidos curtos em cetim, onde as linhas geométricas conferiam às roupas um toque de modernidade.
Mas nós já vimos tudo isto na Donatella, antes: a pele a espreitar, subtilmente coberta com chiffon; mais transparências com mesh desportiva ou cabedar cortado a laser. E, inevitavelmente, aquela famosa cabeça de Medusa, misturada com alguns efeitos geométricos digitais para lhe trazer alguma contemporaneidade.
Versace, a marca, está num aperto. Tem que continuar no seu próprio loop. Mas a mensagem apenas anda às voltas com uma fita vermelha aqui e um padrão em cores vivas ali.
Quando vi o vestido de noiva que a Versace criou para a Angelina Jolie, os meus olhos encheram-se de lágrimas ao constantar a beleza inocente do conceito e a exímia arte de manufatura.
Gostava que a Versace quebrasse a superfície dura e, pelo menos por uma vez, enviasse romance, doçura e amor pela passerelle.