Não havia como não reparar nas influências entomológicas que rastejavam na coleção da Burberry. Primeiro, foi o tapete colorido com a palavra “inseto” escrita na passarela e o desenho de um criatura grande e realista correndo sobre a superfície.
Depois as cores arrepiantes: o vermelho suculento das joaninhas num vestido etéreo; amarelo vespa em paillettes com a forma de escamas; e um verde metálico muito específico nos acessórios, a fazer lembrar escaravelhos egípcios.
As roupas que abriram o desfile foram saias numa rede leve, do tipo utilizado nos mosquiteiros, compostas por várias camadas e usadas juntamente com casacos de ganga de corte justo. Nos pés, o calçado fashion do momento: ténis, também eles em cores entomológicas.
A voz de James Bay, cantando ao vivo a seleção de música com alma habitualmente escolhida por Christopher Bailey, tornou o evento bastante poético e intrigante.
Mas teria alguma coisa a ver com a Burberry enquanto marca? Escusado será dizer que o famoso xadrez da casa não constava do figurino. Contudo, no cerne do desfile havia gabardinas, com cinturas envoltas num tule tão fino como asas e uma abelha pintada num ombro, para manter o tema dos insetos presente.
A energia era transmitida pelas cores excecionais e pela forma como poderiam ser esbatidas e sombreadas nas camadas da saia de rede, enquanto peças mais ousadas diziam “insects”, tal como o piso da passarela.
Os desfiles da Burberry costumam estender-se para além do público presente, apesar de a primeira fila contar com algumas figuras da lista A, como as modelos sempre em festa Kate Moss e Cara Delevingne, a atriz Naomi Harris e o fotógrafo Mario Testino.
No entanto, não consegui deixar de pensar como este desfile “The Birds and The Bees” deve ter sido fabuloso nas transmissões ao vivo apresentadas em colaboração com o YouTube. As cores! O glamour! Aqueles maravilhosos insetos! Parabéns a Christopher Bailey por ter criado uma experiência tão envolvente e por tornar os insetos tão giros.