“Estava a pensar naqueles vitorianos que estudavam botânica e viajavam pelo mundo fora – eram um pouco excêntricos”, disse Erdem sobre o seu desfile povoado por folhas, cujos vestidos em renda requintadamente decorados e padrões de folhagem tropical levaram o designer a “soltar-se” – usando as suas próprias palavras.
Esse espírito de leveza, liberdade e aventura produziu uma coleção poderosa ou mesmo mágica, onde qualquer vislumbre do espírito senhoril sobre o qual Erdem construiu o seu negócio foi varrido pelos ares da selva.
Tudo apontava para a frescura: sandálias rasas, subindo a perna em fios aracnídeos, e sapatos mais elegantes de salto alto. A vegetação luxuriante invadiu a passarela em tábuas de madeira, mas também, de forma metafórica, a mente criativa do designer. O desfile assentou sobretudo em vestidos com decorações ricas como padrões ou jogos tridimensionais à superfície: a cintura de uma saia poderia ter plantas emergindo sob um top simples e semitransparente.
Outros efeitos extraordinários incluíram um casaco emplumado verde garrafa, fazendo lembrar erva luxuriante, e numa manifestação mais poética, um vestido cuja impressão de uma janela de estufa vitoriana oferecia vista para um jardim verdejante.
Terá sido demais – uma confusão na selva? Nada disso! Erdem manteve a dose de vegetação equilibrada com vestidos em renda preta que poderiam contar apenas com umas simples folhagens a debruar a gola. Espreitando, aqui e além, por entre a verdura, vestidos frescos em bordado inglês, como se o aventureiro vitoriano se tivesse sentado num terraço, contemplando a magia da selva.