O essencial de uma coleção de Marios Schwab é sempre o corpo humano. No passado, ele até produziu coleções dedicadas a cartografar o esqueleto sob a pele.
Nesta estação, porém, o desfile foi uma reprodução ligeira de escultura corporal. Os primeiros conjuntos foram em tons de areia e barro e eram itens de guarda-roupa reconhecíveis – desde um gabardina de duas peças a um vestido. Típicas da ilusão foram a camisa e a saia, de ombros recortados e velados com um material transparente tipo collants.
Este efeito translúcido voltou a aparecer mais tarde, em elegantes vestidos ilusórios que velavam ligeiramente o corpo.
Talvez o mais intrigante dos processos de raciocínio do designer sejam os padrões fragmentados que ele diz terem sido inspirados pelas ruínas vulcânicas de Herculaneum. Eram perfeitamente usáveis no dia a dia.
O segredo da inspiração artística não é o público compreender a sua fonte, mas os espectadores sentirem as vibrações da emoção. Fiquei impressionada pela noção do volume de investimento mental comprimido nesta coleção. E pelo facto de o resultado final poder ser um vestido de corte direito em azul petróleo – uma cor transversal a toda a coleção.
Admiro Marios por se manter fiel ao seu conceito de pensamento profundo e ampla imaginação visual, sem nunca esquecer que as roupas não devem ser tão conceptuais ao ponto de não serem usáveis.