Jonathan Anderson – o mais recente menino prodígio da moda britânica – faz 30 anos na próxima quarta-feira. Mas deu-se um presente antecipado a si próprio: uma boa coleção para o verão de 2015.
O desfile foi bom, senão mesmo espetacular, e revelou o progresso extraordinário de um designer que começou a trabalhar em roupa masculina em 2008, apresentou a sua primeira coleção para mulher há quatro anos e é agora o diretor criativo da marca de cabedais espanhola Loewe, pertencente ao grupo LVMH.
A influência do cabedal foi visível no desfile com cintos gigantes a apertar o corpo, onde antes poderiam ser encontrados os tecidos experimentais semelhantes a papel de JW Anderson. Gostei de ver um novo foco nas curvas femininas em vez de ângulos aguçados, mas senti a falta dos jogos do passado, com materiais da era digital.
O designer manteve a sua mensagem sob os chapéus de aba larga das modelos. Nos bastidores, enviou para a passarela uma fila de frases com única linha, dizendo: “pre-psychedelic”, “Britain meets France”, “mother and daughter”, “elements of abstraction” e “Jacques Tati”.
Esta última referência foi ao diretor e ator cómico de filmes bizarros da década de 1950 (embora a característica gabardina ‘Monsieur Hulot’ de Tati não tivesse marcado presença).
Houve misturas interessantes de cortes aprumados de mademoiselle, mas com uma reviravolta: botões dourados pregados a várias gravatas descendo em camadas sobre um vestido azul marinho ou calças de marinheiro perfeitamente cortadas com botões à frente e atrás. Vão seguramente zarpar das lojas.
Jonathan Anderson aprendeu depressa que a sua queda por cortes invulgares parece sofisticada e elegante, como por exemplo um motivo de marinheiro numa gola em pele gigantesca decorada com cordas de amarração. Outras ideias foram brincar com o jogo macho-versus-fêmea inserindo soutiens visíveis, dando um toque sedutor a uma alfaiataria cuidada.
Em termos geométricos, o fator de destaque foi a escala: golas duplas gigantescas numa gabardina estruturada. Quanto a texturas, vimos uma versão estruturada de um top e uma saia em tecido turco – dando um significado inteiramente novo à ideia de um fato de banho.
As minhas peças preferidas foram as mais simples: um vestido camiseiro em algodão ou um top em cetim rosa alvorada de atar ao pescoço com a barriga à mostra combinado com uma saia drapeada: chique e francês e muito internacional.