Semana da Moda de Nova Iorque, Dia Seis
A camisa aos quadrados pretos e brancos, o body alongado e inclinado e a saia de cabedal cor de marfim que abriram o desfile de Proenza Schouler visavam fazer algo de novo a uma espécie norte-americana em risco: a roupa desportiva.
Os designers Lazaro Hernandez e Jack McCollough fizeram uma abordagem ousada aos clássicos. Pegaram em calças e pintaram uma perna de vermelho e a outra de cor de laranja, aplicando o mesmo truque em verde e branco.
A dupla pegou na túnica usada como vestido e prolongou-a até aos pés e criou saias em rede de pesca, que mostravam as pernas escondidas no seu interior a cada passada vigorosa. Também se viram parkas mais clássicas e casacos de primavera estruturados até barriga à perna em lã preta ou em padrão Príncipe de Gales, com cortes concisos e precisos.
Contudo, embora as peças mais clássicas fossem um piscar de olho à parisiense Céline, o tom geral era de experimentação – sobretudo com piton. A sua utilização em botas não surpreende, mas revelou-se ousada sob a forma de inserções em peças estruturadas ou casuais.
Parece inapropriado criticar aquilo que deve ter sido um feito técnico impressionante, mas as inserções em pele de cobra transmitiam, quase todas, uma certa estranheza.
O mesmo se pode dizer sobre as franjas estilo Anos 20. Quase um século depois de as franjas libertarem as pernas em vestidos brilhantes, estes fios chegavam ao chão.
Os desfiles de Proenza Schouler são por vezes enigmáticos, mas sempre uma expressão de pensamento inteligente e trabalho artesanal complexo. Avaliadas individualmente, eram peças belas, mas enquanto conjunto não fizeram o meu coração bater com mais força.