Semana da Moda de Nova Iorque, Dia Sete
Sofisticadas, simples, sóbrias – as modelos que pisaram a passarela de Calvin Klein com sapatos de plataformas grossas e saltos transparentes estavam a milhas de distância dos primeiros tempos da marca, caracterizados por roupas mais desportivas e dinâmicas.
As mulheres que costumavam emanar sexo e sensualidade numa passada longa e forte foram substituídas por figuras aparentemente mais complexas, usando vestidos justos compridos com uma segunda camada de tecido prolongando-se para lá da bainha, pela altura da barriga da perna.
Em tonalidades de azul escuro, o efeito era artístico e diametralmente oposto ao espírito das roupas feitas para mostrar o corpo.
“É tudo feito em malha”, disse o designer Francisco Costa, cuja exploração de tecidos híper modernos se tornou a sua marca característica.
O problema desta abordagem é a diminuta quantidade de efeitos complexos visíveis na passarela.
Costumo visitar sempre os bastidores antes do desfile – não para ver Sarah Jessica Parker (embora ela estivesse esplêndida com um casaco azul real) –, mas para o Francisco me explicar as origens e os tratamentos dados aos diferentes materiais.
Tudo o que eu tinha para esta coleção era os meus olhos, absorvendo o brilho prateado de um top justo e comprido, até à coxa, combinado com uma saia translúcida; ou casaco em cabedal fino (que até parecia tricotado) em vermelho ketchup. Os vestidos compridos e escuros que abriram o desfile e os vestidos curtos em linha A tinham todos um aspeto solene. Seguiu-se o branco, criando uma sensação de contraste, mas nas mesmas formas alongadas. Os cabelos estavam puxados para longe do rosto num apanhado e não havia nada para além da textura dos tecidos que equilibrasse as linhas austeras.
Francisco Costa é bom na sua missão de tornar a marca Calvin Klein mais requintada, mas vai sendo cada vez mais difícil associar estas peças adultas ao espírito de uma Calvin Klein jovem.