Semana da Moda de Nova Iorque, Dia Seis
“Be my, be my baby”, cantavam as Ronettes, acrescentando mais uma camada de energia alegre aos desfiles de Michael Kors, famosos pela sua boa disposição.
Essa canção, ligando os aprumados Anos 50 aos loucos Anos 60, exprimia o espírito da coleção, em que o designer de roupas desportivas animadas combinou peças de corte simples com um elevado nível de romantismo.
A camisa branca usada com uma saia florida, de textura arejada mas decoração densa, destacou-se como peça chave. Transversal a todo o desfile, uma contracultura de roupa desportiva dinâmica e marcada por uma beleza suave, focando-se em flores, desde narcisos a dálias, bordadas numa saia, ou numa faixa em cabedal com um laço em forma de flor.
“Pensem na Paris aprumada da década de 195o e depois em sportswear, em que andamos com as mãos nos bolsos”, disse o designer nos bastidores, onde convidadas da primeira fila como Mary J. Blige e Jessica Chastain deram a sua aprovação ao desfile.
A maneira como Michael Kors bordou o romance nos seus blazers mais familiares, casacos estruturados e calções tipo Bermuda foi muito bem sucedida. As saias de roda nunca transformaram o desfile numa paródia ou baile de máscaras.
Os compradores de olhos esbugalhados devem ter dividido a coleção entre peças de consumo essenciais e itens fora do baralho obrigatórios. O denominador comum foi a cor: o mesmo tom amanteigado de amarelo de uma saia floral também aparecia num duffle coat, e a camurça azul a parecer ganga foi trabalhada num casaco estilo marinheiro usado com uma saia floral rendada.
As descrições das peças fazem a abordagem de Michael parecer simplista e, de certa forma, até é. Mas alguns dos conjunto blazer/saia até faziam lembrar Ralph Lauren.
Contudo, se fosse simples seguir a via de Kors, outros designers já o teriam feito – e encontrado o mesmo fulgurante sucesso comercial. Em vez disso, Michael Kors parece impor-se como o líder de um look que segue uma longa tradição de sportswear americano com um toque feminino.