Semana da Moda de Nova Iorque, Dia Cinco
Fiquei tão fascinada – mas não da maneira certa – com a música estratosfericamente alta que acompanhou o desfile de Marc by Marc Jacobs, que fiquei mais preocupada com a possibilidade de os meus tímpanos explodirem ao som de mil decibéis de Danúbio Azul de Johann Strauss do que com aquilo que os estilistas Luella Bartley e Katy Hillier apresentaram na sua segunda coleção.
Com os olhos torturados por clarões emitidos por estruturas piramidais de andaimes, era difícil absorver fosse o que fosse da coleção, exceto a fúria e a energia do desfile.
“Energia” é mesmo a palavra chave. A dupla de design abanou violentamente aquilo que era a marca comercial de Marc Jacobs. As modelos com visual de boys band caminharam na passarela com um guarda-roupa andrógino composto por túnicas salpicadas de tinta, preto sobre branco, ou um top enrolado para cima em sinal de desafio, revelando um soutien azul celeste sobre calças drapeadas.
Uma T-shirt com um slogan dizia NEW WORLD SYSTEM. A atitude era híper agressiva, mas as roupas amachucadas eram frequentemente adoráveis, como uma camisa e uns calções e fúcsia ou os vestidinhos de vestida sem alças. Leggings em borracha brilhantes e malas circulares, com um buraco central, pareciam saída das visões espaciais dos Anos 60.
Não consegui deixar de pensar em Stanley Kubrick, não só porque Danúbio Azul toca no seu filme 2001: Odisseia no Espaço, mas por causa do seu filme de 1971, Laranja Mecânica, com a sua raiva jovem e assustadora e energia selvagem.
E mesmo tendo sido obrigada a proteger os meus ouvidos com um lenço e ter ficado com uma enxaqueca pavorosa para o resto do dia, tenho de admitir que houve qualquer coisa neste desfile de Marc by Marc Jacobs que foi um momento de moda.