“Palavras! Palavras!” dizia em alto e bom som a grande canção italiana da década de 1970, enquanto Diane von Furstenberg descia a passarela, lançando sombra até sobre uma sorridente Naomi Campbell envergando um vestido baby-doll borrifado com cores.
Contudo, não havia sombras nesta coleção cheia de sol de DVF, na qual a era dourada da Riviera francesa foi interpretada em Vichy, impresso em todo o tipo de peças, desde tops cortados a malas de mão.
“É tudo sobre St. Tropez, sobre a cor, a beleza e o Sol”, disse a designer nos bastidores, descrevendo o espírito desta coleção.
Os franceses têm estado a comemorar meio século de Brigitte Bardot, a escaldante estrela de cinema com cara de menina que encarnou a alma do Sul de França durante as décadas de 1950 e 1960. A sua sensualidade juvenil, apresentada em ganga, fez dela a figura de cartaz da sua época.
No entanto, DVF é demasiado esperta para fazer cópias a papel químico do passado da moda. Ela trabalhou o Vichy em vestidos com peitilho, saias aos quadradinhos pretos e brancos complementadas com plástico cor de rosa pastilha-elástica – e nem todas as peças eram no tradicional algodão. Acrescentos em chiffon esvoaçante davam uma dimensão diferente ao xadrez.
Havia muitos outros padrões a contrabalançar este xadrez gráfico: flores ousadas, riscas, recortes com a forma das folhas de Matisse ou simples rendas.
Desde casacos a vestidos compridos, eram peças para serem usadas pelas mulheres desportivas e sexy que agraciaram os seus corpos curvilíneos com o icónico vestido envelope de DVF.
Este tipo de moda não é, como se costuma dizer, neurocirurgia. É antes uma criatividade ligeira. Contudo, Diane sobreviveu todos estes anos devido à sua atitude correta em relação às mulheres. Estes vestidos, saias e calças são peças em que uma mulher pode desfilar-se, confiante da sua sexualidade.
Nos bastidores, no ponto de entrada das modelos, havia um cartaz que dizia: “Sê feliz, sê sexy, sê a mulher que queres ser. Sorri!”
Já ouvimos isto tudo antes, mas era DVF no seu melhor.