New York Fashion Week – Dia Dois
“Adorei”, disse Padma Lakshmi, envergando um vestido azul de seda enquanto abraçava Ralph após o desfile da sua excecional coleção.
O designer, cuja corte de clientes fiéis encheu o seu estúdio com janelas de vidro cheio de livros, merece ser apelidado de “Tesouro da Moda Nacional dos E.U.A.”, pois as suas roupas são a coisa mais próxima da elegância da alta costura existente em Nova Iorque.
Desde o top trapezoidal branco envolvendo o corpo ao grandioso vestido ‘Infanta’ em cetim duchesse que encerrou o desfile, foi uma verdadeira tour de force.
De uma maneira intrigante, Ralph Rucci escreveu os seus pensamentos nas notas do programa – virando toda a coleção do avesso. Falou sobre o “equilíbrio” das roupas, como o top em forma de trapézio que desenhava um triângulo sobre as calças estreitas.
Viu-se também uma técnica que ele trouxe da sua própria ideia de alta costura: tubos repousando numa cama de tulle. Depois de ler a história, que começava com uma citação do poeta TS Eliot, fiquei à espera daquilo a que os relojoeiros de luxo chamam “complicações”
Em vez disso, as roupas revelaram a simplicidade artística de um mestre do corte: aqueles tubos poderiam ser simplesmente inseridos nos punhos e bainhas de um casaco branco, vestido sobre calças skinny pretas.
Se definirmos os designers de moda como arquitetos ou decoradores, Rucci é uma combinação rara de ambos, capaz de cortar um casaco rigoroso, com padrões originários dos desenhos do próprio criador.
A peça mais moderna foi um impermeável transparente com um padrão da cor de cerejeiras em flor, usado sobre uma camisa branca e calças pretas.
Os editores de moda, como eu, são tão condicionados pela ideia de as peças de roupa com este nível de mestria terem de ser ‘Made in Italy’, que foi bom ouvir Ralph Rucci dizer que tudo foi feito no seu estúdio na cidade de Nova Iorque.
E ele disse-o com orgulho.