Um estilo angular para exprimir o espírito dos Loucos Anos 20.
Café Society? Fiquei, parada, no meio daquele teatro parisiense vazio admirando as joias audaciosas dispostas em formas arquitetónicas, interrogando-me como Coco Chanel entraria nesta história.
Graças à pesquisa da expressão “The Windsor Style”, respeitante ao estilo de vida do duque e da duquesa de Windsor, eu sabia que “Café Society” era um termo utilizado com tons de desdém social na década de 1920. Era uma alusão a um grupo de pessoas de reputação questionável, sem pinga de sangue aristocrático.
As joias gráficas que via diante de mim tinham um aspeto duro – até a camélia característica de Chanel era formada por blocos de pavé combinados com safiras cor de rosa e diamantes. Um colar em ónix com uma elegante cauda negra intercalada com camélias em diamantes, recebeu o nome de Tuxedo – e fez-me, de facto, lembrar o look masculino simples e elegante dos Loucos Anos 20.
Em pé, no palco do teatro, observando o auditório, cujo teto apresenta, numa feliz coincidência, uma camélia, comecei a perceber o enredo: Coco Chanel como símbolo de modernidade. Isso ecoava nas estruturas modernistas que pareciam basear-se em linhas retas.
As notas do “programa” resumiam a história: a inspiração era o apartamento de Gabrielle Chanel na Rue Cambon, onde se encontrava a minúscula gaiola decorativa com um relógio e dois periquitos em madrepérola que inspirou a coleção.
As formas angulares, a inserção de ónix para desenhar linhas geométricas sobre os diamantes brancos e a disposição tridimensional transmitiam uma sensação de modernidade. E faziam com que até a camélia parecesse tão elegante e moderna como a vida de Coco Chanel nos Anos 20.
Algumas peças selecionadas da coleção Café Society de Chanel estarão em exibição na Biennale des Antiquaires, em Paris, de 11 a 21 de setembro.