Gostei dos chapéus: plataformas de véus negros complementados por uma pena; minúsculas flores recortadas espreitando entre formas de taça invertida; um jardim de florais tridimensionais ou um pedaço de rede preso com uma única joia.
Acima de tudo gostei da ideia de cada aluno da Accademia di Costume e di Moda de Roma ter recebido um orçamento de 70 euros: 50 para os chapéus e 20 para criar vestidos pretos com as formas usadas pelas mulheres da Belle Epoque. Foi a viragem do século XIX, quando os chapéus eram o toque final do guarda-roupa de todas as mulheres e a sua silhueta elegante eram vincada pelo peito e pelo derrière desenhando um “S”.
“A Accademia é um teatro romano de fantasias e moda, ballet, ópera, cinema, cultura, arte, artesanato e design”, afirmou Lupo Lanzara, diretor geral da faculdade que, juntamente com o seu irmão, o CEO Furio Francini, tomou o leme da escola que a sua avó, Rosana Pistolese, fundou há meio século. A sua mãe ainda desempenha funções como presidente do conselho de administração.
As comemorações do 50º aniversário foram planeadas com vista a mostrar que esta academia de design de moda e fantasias é diferente de todas as outras do ramo em eterno crescimento da formação de moda. Para começar, porque se empenha tanto em ensinar design de fantasias como em dar formação de moda aos seus 183 alunos.
Significativamente, os seus alumni incluem Frida Giannini, diretora criativa da Gucci, e Tommaso Aquilano e Roberto Rimondi, que apresentam em Milão as suas mesclas particulares de design moderno em tecidos de aspeto antigos.
Os projetos mostrados para assinalar o meio século da escola incluíam túnicas inspiradas no império bizantino, dependuradas na escadaria do palazzo.
No entanto, os projetos não se cingiam à história. Houve uma sessão importante sobre cinema, enquanto alunos do segundo ano trabalhavam num laboratório artístico de casacos, utilizando tecidos desde lã a cabedal, veludo e seda plissada.
Os alunos finalistas aparentavam uma atitude moderna e uma forte consciência digital. Os seus designs incluíam cortes retos em materiais inesperados como Neoprene ou juta.
Gostei da sensação transversal de imprevisibilidade, desde o projeto sobre a coroação de Napoleão Bonaparte à comemoração de outro aniversário de meio século: os 50 anos da Vogue italiana, que incluiu a projecção digital de um filme com 50 capas icónicas.
Foi bom ver que as casas de moda italianas, sobretudo as romanas, colaboram com esta faculdade. Projetos realizados em parceria com a Bulgari, a Fendi e a Valentino, bem como com a Diesel e a linha ótica LGR, fazem parte do curriculum da Accademia.
Houve igualmente uma sessão com Renato Balestra, o maestro de 90 anos da Alta Moda, cujo projeto Be Blue Be visa ensinar os jovens licenciados e os novos alunos a estudar comunicação de moda.
O costureiro romano disse-me que se considera “um mentor para os jovens designers que pretendem entrar no mundo da moda”.
Lupo Lanzara chamou-lhe “um projeto extremamente interessante que confirma o desejo de criar sinergias entre instituições, empresas e escolas de moda”.