Suzy Menkes analisa dois desfiles da versão italiana da semana de Alta Costura.
Renato Balestra vira-se para o rosa
Enquanto “La Vie en Rose”, com a sua envolvente música francesa, enchia a passarela, Renato Balestra surgia para a sua vénia de agradecimento usando um laço em cetim cor de rosa forte.
Que mais poderia o grande couturier de Roma, que completa 90 anos este ano, ter usado para competir com uma modelo cujo vestido em veludo negro estava envolto numa bolha de rosa acetinado? Ou com uma saia com anquinhas do mesmo tom emoldurando um vestido com lantejoulas pretas reluzentes?
Acrescente-se a isto orquídeas cor de rosa, bordadas num body de tule negro.
Isto era Alta Moda, couture ao estilo romano, que as senhoras da audiência conseguiam compreender. Fiquei fascinada com os seus fatos elegantes e com as pérolas globulares exibidas num pescoço de cisne atrás do outro.
Eram senhoras da alta sociedade, frequentemente acompanhadas pelas suas filhas. Pareceu-me que o conjunto Balestra composto por uma saia de cetim cor de rosa macaroon envolvendo as ancas e um casaco negro brilhante se destinava à geração mais nova. As propostas jovens incluíam também uma saia rodada com folhagem cor de rosa na bainha.
Lembrei-me de Yves Saint Laurent na década de 1980. Mas foi divertido ver a genuína alta sociedade romana – já não se vê um público destes nem nos desfiles de alta costura de Paris.
Esperemos que o reinado de Renato Balestra na Altaroma seja duradouro. E já só falta uma década para os 100 anos!
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Noivas Belas em Ibiza
As donzelas oníricas com os seus cabelos longos e soltos e vestidos com caudas a arrastar pelo chão eram certamente noivas belas. Peter Langner, o designer de naturalidade alemã, com aprendizagem feita em Paris em casas de alta costura como a Christian Dior e a Christian Lacroix, e atualmente sediado em Itália, é conhecido pelos seus vestidos de casamento.
A sua inspiração foi Ibiza, mas será que essa ilha banhada pelo sol alguma vez viu tamanhos pormenores, em pedras preciosas e fios delicados? Os detalhes eram visíveis sobre a superfície de vestidos em vários tons de verde, desde alga a musgo, passando pelo verde profundo das águas tranquilas.
O Sr. Langner disse que gostava de imaginar que “a natureza pura se transforma num vestido precioso – quase uma obra de arte”.
O trabalho do designer foi também uma homenagem a Itália. Nenhum outro país poderia produzir trabalho artesanal tão detalhado, desde cristais cintilando entre dobras de organza a saias embelezadas com argolas e penas de avestruz.
Estes vestidos também poderiam ser utilizados por jovens belas num baile. Poém, o look final, um vestido bordado com lírios do vale, sugeria noivas belas – em Ibiza, claro.
“Há 15 anos que compramos vestidos de Peter Langner. Ele é o melhor couturier”, disse Caroline Burstein, sentada na primeira fila, referindo-se à loja londrina Browns Bride.