Suzy Menkes faz a cobertura do concurso para talentos de moda emergentes, em Roma.
O relato de Suzy Menkes a partir do concurso romano de novos talentos da Moda.
Os seus nomes já fazem parte do léxico da moda: Nicholas Kirkwood e a sua fabulosa linha de calçado; os sapatos sensuais e românticos de Max Kibardin; a riqueza histórica da dupla Aquilano Rimondi; os drapeados gregos de Angelos Bratis; a decência elegante de Esme Vie; e os alegres padrões africanos de Stella Jean.
E muitos mais. Todos eles vencedores do concurso italiano de novos talentos da Moda “Who is on Next?”, que há 10 anos traz novos talentos do design e as suas respetivas marcas emergentes para as luzes da ribalta.
Tenho sido uma jurada intermitente desta procura de criativos – que não têm necessariamente de ser italianos, neste nosso mundo multicultural, mas que têm de estar sediados em Itália ou fabricarem roupas e acessórios no país. E isso não é um grande desafio, uma vez que Itália é a pedra angular da construção da alta costura europeia.
A minha colega Franca Sozzani, editor-chefe da Vogue Italia, tem estado por detrás desta iniciativa para lançar designers que já assentaram as suas raízes da moda – não alunos acabados de licenciar. Ou, nas suas palavras: “que consigam provar que são capazes de criar um negócio”.
Enquanto editora, eu própria sempre me senti atraída por designers com paixão pela moda. Embora os nomeados na categoria de roupa e acessórios me tenham impressionado, os vencedores apelaram mais ao meu coração.
O entusiasmo de Salvatore Piccione, oriundo de uma pequena família rural siciliana, foi evidente quando ele falou sobre a sua experiência em Londres, trabalhando com a designer britânica Mary Katrantzou, de quem absorveu a paixão pelos padrões e embelezamentos ornamentais. Piccione também recebeu o apoio da fábrica de tecidos Mantero, situada no Lago Como, para fazer os tecidos e as decorações parecerem sofisticados.
“Quis mostrar na passarela coisas belas que fizessem as mulheres felizes”, disse o designer, cuja marca se chama Piccione Piccione. Os seus pais, que deixaram a sua plantação de tomates para vir assistir ao concurso, juntaram-se à comemoração que aclamou o seu filho como estrela emergente.
Desde o instante em que Daizy Shely apresentou a sua coleção de paraíso tropical, com saias saltitantes a parecerem um híbrido de fitas natalícias e relva falsa, que me sinto tocada pela sua exuberância.
Enquanto ela falava sobre a sua trajetória, desde uma aldeia no seu país natal, Israel, até à sua chegada a Milão há cinco anos para estudar moda no Istituto Marangoni, reconheci a paixão e a determinação dos seus designs. Utilizando pele de veado contrastando com renda em macramé, Daizy provou ter tanto gosto nas texturas como nas formas e cores. Algumas peças da sua colecção eram loucas e descontroladas. No entanto, isso é muito melhor do que serem aborrecidas ou doceis nesta fase inicial da sua carreira.
Parece injusto não escrever em pormenor sobre todos os escolhidos para a fase final de “Who is on Next?”. As malas da marca Corion, da autoria de Milica Stankovic, de Belgrado, eram produtos de luxo com um estilo atual discreto e um belíssimo exemplo do artesanato italiano.
Marianna Cimini, da costa Amalfitana, é 100 porcento italiana, tendo acumulado experiência de design na Max Mara e na Tod’s. Gostei da frescura dos seus têxteis naturais e bordados delicados. A coleção tinha um toque moderno e uma certa contenção e não fiquei surpreendida por ouvir que era já vendia online através da Moda Operandi.
Que mais se destacou? Os padrões botânicos de Project 149, pelas mãos de uma dupla de designers de Cremona: Elisa Vigilante e Monica Mignone. Malhas com um twist folclórico vieram pela mão da ucraniana Svetlana Taccori e da sua marca Tak Ori – embora eu tivesse apreciado ver mais das suas raízes étnicas na coleção de verão.
Da geometria metálica de Caterina Zangrando – cuja carreira foi impulsionada por um encontro fortuito com o editor da Vogue André Leon Talley – aos outros designers de acessórios, achei que todos os escolhidos possuíam uma boa combinação de maturidade e vivacidade.
Quem irá longe? É sempre essa a questão. No entanto, os dez anos de sucesso de “Who Is on Next?” e o apoio da AltaRoma alumiam o caminho para o crescimento da moda em Itália.