Gaultier crava os seus dentes no look de vampiro.
“Ele foi o primeiro designer tipo estrela de rock e exerceu uma grande influência sobre nós – reconheceu e desafiou as convenções da altura, esmagando preconceitos”, disse Baz Luhrmann referindo-se a Jean Paul Gaultier, sentado na primeira fila da Casa de Horrores vermelho-sangue que servia de cenário ao desfile de Gaultier.
O realizador cinematográfico e a sua mulher, a designer de guarda-roupa Catherine Martin, devem ser clarividentes. Porque esta apresentação vampírica do enfant terrible transformado em grande costureiro francês utilizou a carreira do designer como ponto de referência.
O desfile terminou com Gaultier de joelhos diante da vencedora do Festival da Eurovisão, Conchita Wurst, que usava um “vestido de casamento” vermelho e preto.
Com todo aquele preto, sangue e cores alusivas, os looks vampíricos e o espetáculo em si (incluindo algumas quedas de stilettos bastante afiados), foi um belíssimo desfile de Gaultier.
Tudo o que um cliente precisava de fazer era limpar o sangue para descobrir os fashion codes do designer: fatos de calças tão perfeitamente desenhados que foram literalmente cortados à volta do corpo; milagres da arte de fazer leques transformando pregas numa moldura para o rosto; seda e penas de corvo combinadas com mohair; casacos magnificamente cortados.
A coleção apresentou peças de sportswear, como se o vermelho em vez do azul fosse a cor da seleção nacional francesa e os jogadores tivessem entregado os seus uniformes ao outro sexo.
E viram-se mulheres fortes, carregadas de sexualidade e atitude, tal como Gaultier as inventou pela primeira vez na década de 1980.
O seu tema de capacitação feminina mantém-se inalterado, mas a sua técnica mudou. Esta Danse Macabre, interpretada com os sons góticos de Marilyn Manson como banda sonora, incluía tantos conjuntos diferentes que o volume de peças, em todas as cores e estilos, foi impressionante.
Gaultier pode não ser a sua chávena de chá – mas foi um desfile poderoso.