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Olhos de ver

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A alegria de Rogério Alves

8 Novembro, 2010 570 visualizações

Não faço parte do grupo de puristas que considera grave ver uma qualquer pessoa brincar com os desaires dos clubes alheios. Bem pelo contrário. A rivalidade salutar contempla, necessariamente, essa vertente. Contudo, convém sempre que quem “faz a festa” tenha bem noção da “floresta” e não apenas da “árvore”. Vem isto a propósito das declarações de Rogério Alves, presidente da Assembleia Geral da SAD do Sporting, à Rádio Renascença, onde se manifestou “bastante satisfeito” com a goleada sofrida pelo Benfica no Dragão.

O cidadão Rogério Alves, sportinguista assumido, pode sorrir com a desgraça alheia mas, antes de falar publicamente – ainda por cima ocupando um cargo de relevo no clube de Alvalade – devia ter tido o cuidado de fazer algumas contas e perceber que, ao perder o clássico (independentemente de ser por 5, 10 ou 1-0), não foi só o Benfica a despedir-se objectivamente da candidatura ao título nacional. O Sporting ainda podia sonhar com a hipótese de vencer a prova se, no final desta ronda, estivesse a 7 pontos da liderança e visse o FC Porto sofrer, por fim, um desaire na competição. Contudo, seguir a 10 pontos (acreditando que logo mais soma 3 pontos na recepção ao Vitória de Guimarães) quando os dragões ultrapassaram mais um dos poucos duelos onde a derrota não seria completamente surpreendente, significa que o Sporting, mais uma vez, não vai ser campeão. E esse, segundo me recordo das palavras proferidas antes da época começar por vários responsáveis, era o objectivo leonino. Será que, entretanto, mudou e ninguém o disse? Para mim parece que o Sporting só pensa no segundo lugar ou, dito de outra forma, apenas quer acabar à frente do Benfica, o que sendo interessante é manifestamente curto para um clube quer se quer grande e ganhador.

O Sporting é, de há vários anos a esta parte, um clube adiado, estagnado, mergulhado em problemas estruturais, financeiros e desportivos. Os avanços e recuos, as entradas e saídas, as trocas e baldrocas têm-se sucedido a um ritmo alucinante e, quase sempre, com os mesmos (maus) resultados. Aparentemente, porém, alguns dos seus responsáveis parecem estar mais interessados em comentar o que se passa na casa do vizinho (ou em implementar regras internas sem qualquer sentido), do que propriamente em encontrar soluções para as suas contínuas dificuldades. Esta postura, claro, não é a mais indicada e, mais tarde ou mais cedo, a grande maioria de sócios e simpatizantes irá aperceber-se disso. Resta saber se ainda será a tempo de evitar males maiores. Rogério Alves, que tem tido posições e declarações que indiciam o interesse em agitar o universo leonino, devia centrar-se nisso e não nos êxitos ou desaires encarnados, azuis ou amarelos. E devia também perceber, de uma vez por todas, que cada vez faz menos sentido falar da grande rivalidade com o Benfica, pois isso precisaria de ser encarado da mesma forma pelos opositores. Na Luz, o rival directo é há muito o FC Porto e no Dragão quem suscita todas as atenções é o Benfica.

O Sporting, que durante muitos anos lutou taco-a-taco com o Benfica no que à hegemonia do desporto nacional diz respeito, é hoje um clube muito atrás de águias e dragões. E isso é válido para o futebol, mas também nas modalidades. Falo em vitórias isoladas, em títulos e até em infra-estruturas. E não vale a pena referir os sucessos conseguidos há várias décadas. Aliás, até fica mal ver determinados sportinguistas a abordar as históricas conquistas do basquetebol, voleibol ou hóquei em patins quando, hoje em dia, são incapazes de exigir aos dirigentes que honrem esse legado, participando nos campeonatos. Aliás, a velha promessa da construção de uma pavilhão continua a ser apenas um projecto.

PS – Rogério Alves também “sorri de satisfação” quando vê João Moutinho e Varela, a exemplo de tantas outras “pérolas” da formação leonina (Quaresma, Simão ou Carlos Martins), a prepararem-se para serem campeões noutra casa?

(São 21.46 e acabo de assistir a uma ponta final impensável no Sporting-V. Guimarães. Acredito que, nesta altura, Rogério Alves já não tem vontade alguma de rir. Provavelmente, agora está é arrependido da “fanfarronice” da manhã…)