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Se dúvidas existissem (eu não as tinha), a forma como o FC Porto “limpou” o Benfica (5-0) confirmou que, por mais incrível que possa parecer, já temos campeão à 10.ª jornada. Os dragões, que só nã..." /> FC Porto: campeão 2010/11 - Olhos de ver - Record

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FC Porto: campeão 2010/11

7 Novembro, 2010 493 visualizações

Se dúvidas existissem (eu não as tinha), a forma como o FC Porto “limpou” o Benfica (5-0) confirmou que, por mais incrível que possa parecer, já temos campeão à 10.ª jornada. Os dragões, que só não venceram uma partida na Liga, fizeram o que quiseram das águias, reafirmando a superioridade que já se tinha visto na Supertaça. Agora, com 10 pontos de vantagem perante os encarnados (segunda-feira Sporting e V. Guimarães também podem totalizar 18 pontos), apenas a matemática nos impede de afirmar com total garantia que o título está entregue. Mas, naturalmente, ninguém ousa, com sinceridade, afirmar o contrário. Mesmo aqueles que, por via dos seus cargos nos clubes rivais, são obrigados a dizer que tudo ainda é possível… sabem bem o que se passa.

O FC Porto já “é” campeão essencialmente por duas razões: porque está a jogar de forma consistente, aliando quase sempre exibições interessantes ao resultados, mas também porque a concorrência parece não existir. A época passada, o Benfica esteve igualmente muito forte, mas se FC Porto e Sporting bem cedo ficaram para trás, o Sporting de Braga deu luta até à derradeira jornada. Esta temporada, porém, o cenário é diferente. À evidente melhoria portista, juntou-se uma tremenda quebra de produção dos actuais representantes lusos na Liga dos Campeões. Quanto ao Sporting, embora com muitos protagonistas diferentes, é mais do mesmo. Acredito que pode fazer um campeonato melhor que o anterior, mas tenho a certeza que não incomodará o FC Porto.

O clássico do Dragão foi, por força do resultado, humilhante para o Benfica. Mas, visto de outra forma, foi mais penalizante para Jorge Jesus que, em dois embates consecutivos, apanhou duas “ensaboadelas” do “rookie” Villas-Boas. O técnico das águias quis dar tanta importância à equipa contrária que acabou por descaracterizar a sua. A colocação de David Luiz na esquerda, pretensamente para travar Hulk, foi um erro tremendo, embora se entenda que César Peixoto também não era (quando é?) solução. O internacional brasileiro motiva a cobiça de muitos colossos europeus quando alinha no eixo da defesa. Contudo, enquanto lateral é vulgar. Não tem o posicionamento adequado, velocidade, nem as rotinas necessárias. E se mesmo assim consegue disfarçar perante opositores fraquinhos, o caso muda de figura quando pela frente apanha com o melhor jogador da Liga, seguramente um dos futebolistas mais “on fire” na Europa. De resto, deixar Saviola no banco – quando a equipa não tem Cardozo – também não lembra a ninguém. Se o argentino não estava em condições… ficava na bancada.

Jesus, a época passada, garantiu que era capaz de colocar o Benfica a jogar o dobro. Cumpriu a promessa. Agora, contudo, parece incapaz de descobrir as razões que levam o conjunto – que não difere muito do anterior, pois faltam três elementos de qualidade (Quim, Ramires e Di Maria), mas são apenas cerca de 25-30% do onze habitual – a jogar um terço do normal há meia dúzia de meses. Contudo, a história diz-nos que Jesus tem esta tendência. Raramente consegue uma segunda temporada igual ou melhor que a primeira.

O treinador do Benfica devia explicar o que se passa com a defesa encarnada. Nesse sector, apenas o guarda-redes é diferente (para pior, insisto eu…), mas o rendimento é incrivelmente menor. A época passada, Quim encaixou 20 golos em 30 jogos. Agora, Roberto já vai em 11, a uma média superior a 1 por partida. Eu sei que, nos cinco jogos anteriores, o espanhol tinha conseguido não sofrer golos (com destaque para o penálti com o Vitória de Setúbal que impediu o seu “desaparecimento”), mas também sei que, depois do jogo com o Lyon, se percebeu que o período de acalmia tinha terminado. Os fantasmas não largam o espanhol que, mesmo quando não é culpado directo nos golos, confirma aquilo que sempre se percebeu: não é guarda-redes para dar pontos. Pelo menos à sua equipa. Mas, naturalmente, seria injusto olhar apenas para o “portero” quando todos os restantes elementos da defesa (com excepção a Coentrão quando alinha como lateral) estão também muito abaixo daquilo que valem.

Mas, se é na defesa que reside o maior problema encarnado, o ataque também está diferente. O ano passado, Cardozo e companhia fizeram 78 golos na Liga. Agora, vão com 13. Se mantiveram esta cadência, nem aos 40 chegam. Há, claro, um nítido abaixamento de forma dos homens que têm como principal missão marcar golos, sendo que o apoio prestado por elementos como Sálvio ou Gaitán também não ajuda. Estes dois argentinos, jovens, ainda podem evoluir, mas estão a léguas do que a equipa precisa. E, com surpresa, o treinador continua a ignorar Jara, Nuno Gomes ou Weldon.

Resta falar ainda da impensável propensão encarnada para os cartões. O invulgar número de amarelos e vermelhos (a manter esta tendência irão estabelecer, com toda a certeza, um recorde do clube) significa que os atletas estão inseguros, nervosos, sem a confiança do passado. Por isso não conseguem reagir às adversidades. Quando a cabeça não está bem, nada funciona!

Perante este actual cenário, com a Liga “entregue” e depois da Supertaça também ter “voado”, o Benfica tem de se concentrar no apuramento para os oitavos-de-final da “Champions”, na Taça de Portugal e, já agora, na Taça da Liga. Os responsáveis, em definitivo, devem deixar de lado a ideia de prescindir da mais nova das provas nacionais. Reduzir, propositadamente, as hipóteses de vencer algo esta temporada não é uma ideia inteligente. Equacionar vender algumas “jóias” em Janeiro também deve ser repensado. É que manter atletas percendo que o seu valor de mercado está a descer também pode ser um erro. De muitos milhões.

PS – Se estamos conversados em relação ao título, a Liga ainda está repleta de interesse. Tudo o resto está em aberto. Já não é mau…