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Não sou daqueles que se babam só de ver José Mourinho na televisão, que deliram com as suas tiradas independentemente de terem piada ou não ou que festejam os golos do Inter (no passado os do Chel..." /> A estrela de Mourinho - Olhos de ver - Record

Olhos de ver

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A estrela de Mourinho

23 Maio, 2010 498 visualizações

Não sou daqueles que se babam só de ver José Mourinho na televisão, que deliram com as suas tiradas independentemente de terem piada ou não ou que festejam os golos do Inter (no passado os do Chelsea) como se se tratasse do seu clube do coração ou, em alternativa, da Selecção Nacional. Aceito, sem discussão, que é um dos melhores técnicos da actualidade, um homem que apresenta um trajecto profissonal de fazer inveja, mas recuso-me a pensar que tudo o que faz é excelente só porque tem a sua assinatura. Para ser sincero… não acredito em pessoas infalíveis. No futebol ou na vida. Ele é um treinador fantástico, um ganhador por excelência, mas não é o Super-Homem. E já agora, como tenho referido em escritos vários, também duvido que alguém possa ter um sucesso idêntico só pelo facto de ter sido seu colaborador, como muitos pensam poder suceder com André Villas-Boas. Que o treinador da Académica seja competente é uma coisa, mas tê-lo em boa conta só por causa do interessante “cartão de visita” é… um disparate.

Depois desta declaração inicial, tenho de dizer que o treinador setubalense fez uma temporada de sonho ao serviço do Inter de Milão. Basicamente, ganhou o que havia para ganhar, sendo que as provas em causa eram “apenas” o campeonato transalpino, a Taça de Itália e a Liga dos Campeões, o troféu que dirigentes e adeptos milaneses buscavam há quatro décadas.

Não me parece que o Inter tenha, ao longo da época, praticado sempre um futebol de grande qualidade, razão pela qual, enquanto apaixonado pelo jogo, gostei mais de ver o Barcelona, com o seu contínuo estilo ofensivo. No entanto, confesso, se fosse adepto do Inter não tinha ficado preocupado com os espectáculos menos conseguidos de vez a vez. O clube agarrou o que mais queria (a “Champions”) e ainda logrou juntar uns “acessórios” interessantes pelo meio. Sonhar com mais é exagerado e consegui-lo praticamente uma miragem. Por outras palavras, Mourinho merece todos os elogios que lhe têm sido atribuídos nas últimas horas. 

Um outro qualquer treinador iria, com toda a certeza, aproveitar esta onda de sucesso para prosseguir a sua caminhada no Inter. Mourinho, contudo, tem outra ideia. Quer ir para Espanha, para o Real Madrid, desafiar o recente domínio do Barcelona. E se deseja ir, creio que mais dia, menos dia (talvez seja mais correcto falar em horas), lá estará. De novo com um naipe de excelentes futebolistas à disposição, com verbas estonteantes para comprar mais uma série de galácticos e com um ordenado cada vez maior, daqueles que, em período de crise, pode parecer obsceno (até ao próprio) mas que, em boa verdade, é somente a justa recompensa para quem, num mundo tão difícil e competitivo, tem sido uma constante garantia de vitórias. Quem tem esse dom vale muito dinheiro, razão pela qual merece ficar com um quinhão significativo desse gigantesco bolo.

Mourinho nunca escondeu que, por volta dos 60 anos, gostaria de encerrar a carreira ao serviço da Selecção Nacional. É normal que pense assim. Tão normal quanto a maioria dos portugueses acreditar que, com ele ao leme, poderemos sonhar, efectivamente, com a conquista de um Mundial ou, pelo menos, um Europeu. Se até lá esse tão apetecido título não chegar, espero que, nessa altura, a estrelinha do treinador ainda não se tenha apagado. Sim, é que sem beliscar o mérito do seu trabalho ao longo dos anos, sem sorte… nada feito.