?Porreiro, pá?
Segundo escuto na TSF, a Comissão Europeia “congratulou-se com o anúncio do Governo português das medidas para acelerar a redução do défice orçamental nos próximos anos de forma a responder à pressão dos mercados internacionais”.
Esses senhores (e os de cá), tenho a certeza, não vão ficar tão agradados quando o pagode resolver ir para a rua mostrar uma opinão contrária (deixem o Papa ir pregar para outra freguesia e vão ver quanto tempo demora a começar “a festa”). É que não é preciso ser adivinho, nem especialista em economia, para prever que, a mínima contestação, será um péssimo indicador para os mercados que, naturalmente, reagirão de forma a atirar-nos ainda mais para dentro do buraco em que mergulhámos. Ou, melhor dizendo, em que alguém (eu não tenho nada a ver com o assunto) nos fez mergulhar.
Mas, fico feliz por saber que os “inteligentes” de Bruxelas estão contentes por, daqui a uns dias, eu e mais uns quantos milhões de portugueses (muitos conseguirão escapar, como sempre) voltarmos a ser chamados a contribuir para o bem nacional, para a causa colectiva da pátria e da Europa. Os trabalhadores lusos (e cada vez mais lisos) estão, desde sempre, habituados a sacrifícios. Mandem mais que está tudo bem, o pessoal aguenta!
Aliás, estou tão optimista em relação a tudo isto que, para além de ter gostado de ver o novo líder laranja a pedir desculpa aos portugueses – depois de ter ajudado a “enterrar-nos”, o que é sempre um gesto louvável -, tenho a certeza que, quando a maré virar, as televisões e as rádios, em directo, irão anunciar a distribuição da riqueza que, seguramente em breve, iremos produzir, com a ajuda destas medidas de estabilidade.
Todos sabemos, por experiências anteriores, que temos de nos esforçar no tempo das “vacas magras”, para depois merecer a devida recompensa quando as ditas cujas forem gordas. Em Portugal, não são só os problemas que se dividem… A riqueza também. É pena é não ser por todos, nem sequer pela maioria.