Papa honesto
Não sou religioso. Respeito profundamente quem é, independentemente da crença, mas não me consigo imaginar como seguidor convicto de uma determinada religião. E uma das razões para nunca me ter sentido atraído para estas questões é o facto de, por norma, discordar da forma pouco lógica como muitos dos “dirigentes” das várias igrejas comunicam com o Mundo. Por vezes, fico mesmo com a ideia que eles pensam estar a falar com pessoal distraído, que não tem televisão, internet ou rádio e que jamais leu um jornal ou um livro.
Vem tudo isto a propósito da minha admiração (e satisfação) por ter ouvido o Papa, a caminho de Portugal, dizer que “a perseguição à Igreja começa no seu interior e não no exterior”. Numa declaração corajosa, rompendo com receios históricos, o alemão assumiu que existem muitos pecados entre aqueles que, ao mais alto nível, representam valores como a paz, o respeito, a solidariede e tantos outros que, qualquer pessoa, estima.
A pedofilia é, desde sempre, um dos maiores problemas da igreja católica. Quem não o admite… só está a tentar enganar-se a si próprio. Bento XVI tem demonstrado a dignidade necessária para enfrentar o problema de frente, falando abertamente da questão e pedindo desculpas a todos os afectados. Agora, só falta o passo seguinte: expulsar os culpados. Nestas situações, não basta perdoar.