A tristeza de Ronaldo
Lembro-me bem de, em 1994, durante o Campeonato do Mundo dos Estados Unidos, ter entrevistado um jovem brasileiro de inquestionável valor que dava pelo nome de Ronaldo. Na altura, dizia-se que poderia estar a caminho de Portugal, mais concretamente do Benfica. Não se confirmou. Ao invés, todos os elogios que eram dirigidos ao então prodígio do Cruzeiro bateram certo. Ronaldo Nazário de Lima foi um dos melhores futebolistas que tive ocasião de ver em acção, indiscutivelmente um dos maiores fenómenos que a modalidade conheceu nas últimas décadas.
Tenho a certeza que o avançado, que conseguia juntar uma habilidade acima da média a uma força explosiva inacreditável, poderia ter tido uma carreira ainda mais vistosa se não tivesse sido, desde muito cedo, afectado por inúmeras e graves lesões. Contrariando a opinião de muitos, Ronaldo nunca quis desistir, enfrentou várias operações, longos meses de paragem, mas encontrou sempre a motivação necessária para regressar, para voltar a fazer aquilo que desde criança foi a sua paixão: jogar futebol.
Hoje, aos 33 anos (faz 34 em Setembro), Ronaldo já não é um dos melhores executantes do planeta, o que não significa que seja mau ou apenas vulgar. Pura e simplesmente, o seu tempo dourado já faz parte do passado. No entanto, isso não devia ser suficiente para esquecer tudo o que de bonito ele fez no futebol. As críticas que recentemente lhe têm sido dirigidas, devido aos maus desempenhos do Corinthians, são tremendamete injustas, pelo que é normal que o visado se sinta triste e desanimado. Veja, por exemplo, a forma como comentou as vaias após o afastamento do seu clube da Taça Libertadores.