Osborne versus Obama, a experiência continua

28/01/2011
Colocado por: Rui Peres Jorge

 

Crédito: Joshua Roberts, Bloomberg 

 

Os EUA e o Reino Unido começaram há uns meses uma experiência económica que poderá ficar para a história. Obama e Cameron desenharam estratégias de saída da crise opostas. Algum deles vai perder, mas todos vamos aprender sobre economia. 

 

Do lado de lá do Atlântico, a aposta no crescimento e no combate ao desemprego justificaram, no final do ano passado, um novo plano de estímulo orçamental, ao qual se juntou a estratégia de estímulo monetário de Ben Bernanke. Como resultado, os EUA obtiveram esta semana uma revisão em alta da previsão de crescimento da economia, à qual, no entanto, apenas dois dias depois, se juntou um aviso da Moody's de que poderá vir a cortar a notação de risco dos EUA (e esse seria de facto um novo mundo financeiro).

 

Obama sabe que enfrenta um jogo perigoso. Vai a eleições em 2012. Será muito dificil ganhar com a actual taxa de desemprego, diz-lhe toda a gente. E será tão ou mais dificil ganhar com o actual desequilibrio orçamental, diz-lhe, por exemplo, Christina Romer, sua ex-conselheira económica. Obama, esta semana, no seu discurso do Estado da União, apontou para o caminho mais dificil: investir e ao mesmo tempo reduzir o défice, o que deixou muitos analistas confusos, entre eles Sachs e Krugman.

 

Bem diferente, mas não menos arriscada, é a estratégia do novo primeiro ministro britânico, David Cameron. Tendo ganho as eleições há menos de um ano, optou por um rígido plano de ajustamento orçamental, isto apesar da retoma económica estar longe de segura. As últimas semanas colocaram-no em cheque. Por um lado, um problema de coerência entre políticas orçamental (contraccionista) e monetária (expansionista), parece estar a penalizar a libra e a permitir pressões inflacionistas. Por outro, a economia britânica contraiu no último trimestre do ano passado, surpreendendo a maioria dos economistas. 

 

Em Davos, Cameron, garantiu não ter dúvidas de que está no caminho certo. Já Para Martin Wolf, que escreveu hoje no FT, tratou-se de um “tiro de aviso à experiência britânica” que só favorece a Oposição de Ed Miliband.

 

Os próximos meses serão decisivos na análise às experiências britânica e norte-americana. Em breve, só um dos líderes sorrirá.

 

  

 

 

 

Rui Peres Jorge