Imposto cipriota sobre depósitos renderia 18 mil milhões de euros em Portugal

19/03/2013
Colocado por: Rui Peres Jorge

Vítor Gaspar, ministro das Finanças português e Luis de Guindo, ministro da Economia espanhol, num Eurogrupo. Fonte: Jock Fistick / Bloomberg

 

Mais um grande evento na Zona Euro: um novo resgate e mais um porta aberta à forma de financiamento dos Estados: taxas sobre património e neste caso, mais concretamente, sobre depósitos. Quanto renderia nos periféricos? Bom, segundo a Goldmans Sachs um impostos cipriota em Portugal poderia render 18 milhões de euros (11% do PIB).

 

Os líderes europeus têm vincado que a solução cipriota é única. Ontem, ao longo do dia, cresceu a confiança de que não haveria um efeito de contágio na Grécia, nem de corridas aos bancos noutros países periféricos – um risco considerado reduzido, mas não negligenciável. 

 

No entanto, como sublinharam vários especialistas, há portas que depois de abertas já não é possível fechar totalmente: a decisão cipriota coloca no menu de opções algo totalmente novo: a possibilidade de taxar riqueza, e depósitos em particular, como forma de financiamento dos Governos.

 

E foi por isso mesmo que os economistas do Goldman Sachs, numa nota amplamente citada nos últimos dias, calcularam qual seria a receita à disposição dos vários governos periféricos com uma taxa deste tipo: 18 mil milhões, no caso português, se a taxa média sobre os depósitos for 8,5% como a inicialmente desenhada no Chipre.

Eis a questão para, Jernej Omahen, do Goldman:


Um depositante num banco periférico irá provavelmente colocar a questão óbvia: Quão provável é um imposto sobre os meus depósitos?


Um imposto sobre depósitos irá certamente requerer aos depositantes nos bancos dos GIIPS [acrónimo com iniciais dos países periféricos] que avaliem duas aspectos: (1) a probabilidade das poupanças serem usadas para salvar bancos (‘bail-in’) e (2) a percepção das suas poupanças como base potencial para um imposto sobre a riqueza


Na nossa opinião, é pouco provável que o risco de “bail-in” afecte os depositantes da periferia neste ponto – afinal, o Chipre está a atrasado em lidar com os seus assuntos bancários (…) a percepção dos depósitos como base para uma potencial tributação é, no entanto, novo, e a duração e alcance do seu impacto difícil de avaliar

 

Seguem-se as contas para três cenários: uma taxa de 0,1% sobre todos os depósitos, uma taxa de 1% e uma taxa de 8,5%, equivalente ao que o Chipre se prepara para fazer (embora com taxas distintas entre montantes de depositantes). Portugal poderia alcançar um encaixe próximo de 18 mil milhões de euros… tentador

 

 

Rui Peres Jorge