Economia a caminho de uma contracção trimestral de 0,4%

18/02/2011
Colocado por: massamonetaria

O indicador de actividade económica está no mínimo de mais de um ano, divulgou hoje o Banco de Portugal. José Miguel Moreira, do Montepio, diz que se a trajectória se mantiver,  os dados divulgados para a actividade e consumo privado apontam para uma contracção da economia entre de 0,4% no primeiro trimestre, isto se a trajectória medida pelo BdP se mantiver.

 

Nota do editor: No “Reacção dos Economistas” pode ler, sem edição do Negócios, a análise aos principais indicadores económicos pelos gabinetes de estudos do Montepio, Millennium BCP, BPI e NECEP (Universidade Católica), isto sem prejuízo de outras contribuições menos regulares. Esta é parte da “matéria-prima” com que o Negócios trabalha e que agora fica também ao seu dispor.

 

 

José Miguel Moreira – Departamento de Estudos do Montepio

 

1. Em Janeiro, o Indicador Coincidente mensal para a evolução homóloga tendencial da Actividade Económica portuguesa, calculado pelo Banco de Portugal (BdP), apresentou uma diminuição (pelo 8º mês consecutivo), de 0.2% para 0.0%, um nível mínimo desde Novembro de 2009, mas ficando, no entanto, acima do anteriormente reportado para o mês de Dezembro, resultado da revisão em alta desse registo (em 0.3 p.p.) – reflectindo a divulgação da estimativa rápida do PIB do 4ºT2010.

 

2. Trata-se de um comportamento que, a avaliar pela informação divulgada nos Indicadores de Conjuntura do BdP, reflecte os dados desfavoráveis tanto ao nível do Consumo, como do Investimento. Com efeito, no mesmo período, o Indicador Coincidente para a evolução homóloga tendencial do Consumo Privado, igualmente calculado pelo BdP, registou a sua 9ª desaceleração consecutiva, de 0.2% (valor fortemente revisto em alta, em 0.7 p.p.) para 0.0%, encontrando-se num mínimo desde Agosto de 2009, mas, ao contrário do reportado no mês anterior, ainda não em terreno negativo. Relativamente à Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), as Vendas de Veículos Comerciais Ligeiros passaram de um crescimento homólogo de 25.5% para uma contracção de 17.0%, enquanto as Vendas de Veículos Comerciais Pesados continuaram a crescer, mas bastante menos do que observado no mês anterior (+38.9% vs +59.4%, em Dezembro). Por seu lado, as Vendas de Cimento das empresas nacionais para o mercado interno intensificaram o ritmo de queda homóloga, de 0.8% para 4.8%.

 

3. Resultado desta nova desaceleração do Indicador Coincidente da Actividade Económica, este encontra-se a sinalizar, para o 1ºT2011 (embora ainda com dois terços da informação em falta), uma contracção de 0.2% da economia face ao trimestre anterior, que passará a ser de 0.4% se assumirmos que o Indicador desacelerará, nos meses de Fevereiro e Março, ao ritmo evidenciado em Janeiro. Estes dados vêm relativamente de encontro às nossas expectativas, reflectindo, por um lado, o “reverso da medalha” relativamente à forte antecipação do Consumo de Bens Duradouros observada no 4ºT2010 – em resultado do agravamento da carga fiscal no início de 2011 –, e por outro, e essencialmente, as medidas de austeridade implementadas pelo Governo português no início do ano, que tenderão a penalizar fortemente a Procura Interna (essencialmente, o Consumo Privado e o Investimento), com o único contributo relevante para o crescimento do PIB neste início de ano a dever provir, somente, das Exportações Líquidas.