Joga-se muito mais do que futebol
Está a ser uma época difícil para todos. Benfica, Sporting, FC Porto, árbitros e também para nós jornalistas. Não me lembro de clima de guerra maior entre os dois clubes de Lisboa desde o verão quente, mas na altura o poder das respetivas máquinas de propaganda não tinha nada a ver com o que é hoje. A quantidade de informação ‘suja’ que chega às redações é absurda. E torna-se cada vez mais complicado fazer em tempo real o trabalho que a qualquer jornalista que se preze é obrigado: confirmar a informação com mais do que uma fonte. O trabalho é dificultado também pelo surgimento de sites mais ou menos fidedignos que nada têm a ver com jornalismo mas que escrevem tudo o que lhes vem à cabeça, ou é soprado, e assim fazem as delícias dos mais fanáticos como se de notícias confirmadas se tratassem. Pior, gente com responsabilidade e que devia ter outro comportamento diz hoje barbaridades nas televisões como se tudo fosse verdade. Uns dirigentes, outros representantes de outras profissões mas que falam de futebol e dos seus bastidores como se de tudo soubessem. O pior é que não só não sabem como a maior parte das vezes representam apenas uma das ‘verdades’ a que temos direito. São estas personagens que enchem hoje as tv’s e a isto estamos entregues, ainda que com honrosas exceções.
No Record não estamos à venda. Não somos o jornal do Benfica, Sporting ou FC Porto. Talvez por isso sejamos diariamente acusados de trabalhar a soldo deste ou daquele. Porque aqui é possível ler várias opiniões, contrárias muitas vezes, de companheiros que trabalham juntos e se respeitam na diversidade. O respeito pelos três grandes clubes é enorme, assim como por todos os agentes do desporto português. E ninguém está imune à crítica. Nem ao elogio, acredite.
Texto publicado em Record Premium e na versão impressa a 16 de março de 2016