Slimani ou quando está tudo errado
É difícil escrever sobre o caso Slimani sem temer pelo futebol português. Porque se trata de algo sintomático e onde temos dificuldades em encontrar alguma coisa bem feita. É óbvio que o jogador devia ter sido punido pela agressão a Samaris. E a imagem que passa ao ser absolvido é que dureza compensa. Mas isso está longe de ser o único erro em todo este triste caso.
Acredito que esta decisão é salomónica. Os juízes preferem deixar em paz os jogadores de Benfica e Sporting, em vez de os castigar. Porque é difícil entender como passa em claro a agressão de Slimani, assim como as de Eliseu e Jardel. Para nós, espectadores, já tinha sido difícil entender como é que os árbitros não tinham visto nada no dia do jogo. Não esperávamos era que viesse alguém que continuasse cego.
Depois há o tempo da decisão. 137 dias foram necessários para se decidir se Slimani tinha, ou não, agredido um companheiro de profissão. É verdade que em Portugal a justiça é lenta. No futebol juntam-se-lhe uma série de outros condimentos.
Repito, é difícil encontrar algo de positivo em toda esta história. Porque as agressões são reais e só por questões processuais ou algo ainda mais complicado de digerir acabam por escapar todos à punição. A indústria futebol precisa de mudar tanta coisa que ficamos por saber se será realmente possível fazê-lo. Esta é mesmo uma temporada para esquecer. Ou para mais tarde recordar. Para que não se repita tanta parvoíce.
Hoje continua a luta entre Benfica e Sporting. Mais a norte, uma convulsão de contornos a que ninguém tinha assistido. Pinto da Costa parece ser ainda o rosto da mudança. Como não se sabe. Mas uma pista deixou. José Peseiro não será o treinador do FC Porto na próxima época. Aquelas reticências do presidente foram assassinas. Quem será o senhor que se segue?
Texto publicado em Record Premium e na versão impressa a 08 de abril de 2016