Um FC Porto sem nada de vintage
Texto publicado em Record Premium e na versão impressa a 8 de fevereiro de 2016
Habituámo-nos nas últimas décadas a um FC Porto de luxo, capaz de virar quase sempre a situação a seu favor mesmo nos momentos mais desfavoráveis. Quando não ganhava andava lá perto ou descansava pouco tempo. São tempos novos os que vivemos, em que os dragões vão acumulando insucessos atrás de insucessos e em que a equipa não tem sequer a capacidade de se manter na luta quando isso parece perfeitamente ao alcance de um grupo com tanto talento.
Não quero com isto tirar mérito ao Arouca de Vidigal, ele já ofendido com a forma como José Peseiro analisou a sua forma de trabalhar. Uma resposta magistral. Com a ajuda do assistente que não validou o golo legal de Brahimi, é verdade, mas ninguém pode imputar essas culpas ao técnico arouquense. E parece legítimo que há ali mais qualquer coisa do que aquele tom de voz tão pouco amigo da comunicação pela televisão. Não é um técnico hype, mas Vidigal deixa trabalhos de qualidade por onde passa. Com resultados. Como o de ontem.
Peseiro já era olhado com desconfiança antes de começar a trabalhar no FC Porto. A derrota em casa com o Arouca aumenta a pressão e a responsabilidade. Perder na Luz é uma coisa, deitar a toalha ao chão no Dragão é outra.
Mas assacar responsabilidades só ao técnico é demasiado injusto. Porque Lopetegui não era ali o único problema. Os jogadores também têm culpa no cartório e a estrutura já não pode ser o que era se deixa que o vírus da mediocridade se espalhe tanto, sem que haja um grito de revolta como em tempos que não são assim tão antigos.
Hoje joga o Sporting. Jesus continua a alimentar o sonho leonino. Sem as armas dos dragões, mas com trabalho sério que vai dando frutos. A pressão está lá. Para ganhar é preciso superá-la. Mais uma final.