Nem todos podem ser heróis
Enquanto escrevo estas linhas, David Bowie toca em Alvalade. Infelizmente apenas na RTP Memória, mas num estádio que poucas vezes foi pisado por génios maiores. Estava lá nessa noite, como nas em que tocaram os U2 ou por lá andou Diego Armando Maradona. Ídolos todos temos. E os nossos são sempre melhores do que os dos outros. Como os filhos. Não há mais bonitos do que os nossos. E a razão não é coisa para aqui chamada. A emoção manda. David Bowie é um herói que me tocou como poucos. Talvez porque goste muito de futebol mas a música me seja ainda mais preciosa. E depois há quem saiba ser ídolo e quem desbarate o talento com atitudes que nada têm a ver com aquilo que produzem. E se aos grandes artistas se perdoa muito, para outros a pachorra vai faltando.
Teo Gutierrez é bom jogador. Não é um fenómeno mas o seu talento faz falta ao Sporting. No entanto, a novela colombiana que vem protagonizando nos últimos dias só reforça o estatuto de craque pouco equilibrado com que chegou a Portugal. Somou problemas em quase todos os clubes por onde passou e foram poucas as vezes em que regressou a tempo das ‘férias de Natal’. É uma pena. Ontem nas redes sociais não eram poucos os fãs do seu país que o apelidavam de pouco profissional e lamentavam um comportamento que lhe retirou o estatuto de Bacca ou Falcão. É uma pena, de facto. Mas não é ídolo quem pode. É quem pode e sabe. E esses são menos. Muito menos.
O FC Porto não conseguiu resgatar Marco Silva ao Olympiacos. O técnico não quis sair a mal e os gregos nem querem ouvir falar na saída. É pena porque o ex-treinador do Sporting ia animar muito a liga. Não é tarefa fácil a de Pinto da Costa e Antero Henrique. Ainda há muito a conquistar e uma simples aposta de transição pode deitar tudo a perder. Alta pressão no Dragão.
Texto publicado em Record Premium e na versão impressa a 13 de janeiro de 2016