Slimani dá asas ao sonho de Jesus
A vitória do Sporting eleva Jesus ao estatuto de treinador de um candidato forte à conquista do título e hoje de semideus para os adeptos leoninos. Os golos de Slimani confirmaram o poder da formação sportinguista, que perdeu na posse de bola, esse um mito que Lopetegui quis importar de Espanha para a Liga nacional, mas sem a profundidade que o produto original revela. E sabe-se como as cópias são quase sempre sempre inferiores aos originais. No Dragão é o caso.
JJ revela uma capacidade de adaptação à realidade leonina que não parecia possível num homem da sua idade e vindo da riqueza e abastança que conheceu na Luz. Impedido de usar Carrillo, Jesus faz de Matheus e Gelson os galgos para ganhar terreno nas alas. Quando Lopetegui foi ao banco refrescar, de lá saíram craques feitos como Tello ou André André. Já na hora da juventude, com André Silva foi troca por troca com Aboubakar, acentuando a característica conservadora que lhe é imputada no banco. Uma vez mais, com custos.
A liderança que o Sporting perdeu na Madeira num jogo em que simplesmente não merecia a derrota, foi ontem reconquistada com brilho. E com a vitória no clássico JJ soma três triunfos frente ao Benfica e um com o FC Porto. É verdade que a Liga dos Campeões ficou pelo caminho. E que a Taça de Portugal se esfumou em Braga, mas no melhor jogo de futebol visto por cá esta época. Mas o que interessa aos adeptos é mesmo a conquista do campeonato. E a Bruno de Carvalho. E a Jesus. Eles são os homens com vontade de festejar hoje. Os protagonistas de uma onda verde que viu a frieza de Slimani dar asas ao sonho de Jesus.
Rui Vitória voltou a sorrir num estádio onde foi muito feliz. Renato Sanches deu-lhe razões para isso. Num jogo sem brilho, sim, mas que coloca o Benfica a dois pontos do FC Porto. E há tanto para jogar.
Texto publicado em Record Premium e na versão impressa a 3 de janeiro de 2016