O plano deu para o torto
JESUS TENTOU FAZER MAGIA CONTRA O BARÇA MAS NÃO DEU CERTO. AFINAL, OS CATALÃES SÃO MESMO DE OUTRA GALÁXIA
Há dias em que vale a pena vir trabalhar, nem que seja apenas para assistir a ideias de companheiros de redação que nos deixam conquistados. Aconteceu segunda-feira, no lançamento do Benfica-Barcelona, com a capa idealizada pelo António Magalhães, que tanto prazer me deu ver nas bancas. Às vezes faz sentido combater certas resistências e o prémio foi o reconhecimento da imprensa mundial, de Espanha ao Brasil, passando pela Argentina, com tantos e tantos jornais a darem eco da manchete do Record. Assim vale a pena.
Infelizmente, o plano de Jorge Jesus para travar o Barcelona de Messi e companhia é que não resultou. A ideia era boa, mas colocá-la em prática obrigava a mais coragem. A equipa blaugrana é de outra galáxia e mesmo sem meter a quinta arrancou mais uma vitória. Era necessário o Benfica fazer um jogo perfeito, o que não aconteceu, mas também que os catalães estivessem em noite desinspirada. Os encarnados lutaram, talvez tenham dado o que tinham, mas era preciso mais. Faltou agressividade e até talento. Mas temos de aceitar…
Quem não se acobardou e soube transcender-se após a derrota, em casa, com o Cluj, foi o Sp. Braga. A bela vitória em Istambul recoloca os guerreiros na corrida e mostra como a equipa do Minho começa a ganhar sério estofo europeu. Brasileiros de qualidade e uma espécie de banco da Seleção Nacional fazem da formação de José Peseiro um adversário a temer seja por quem for, desde que não falemos de galácticos como os que ontem visitaram a Luz. António Salvador vai queimando etapas e o clube crescendo.
Hoje ao FC Porto cabe um jogo complicadíssimo, frente a mais um dos temíveis novos-ricos do futebol mundial. No Dragão vai estar uma equipa cujo orçamento é pornográfico e que vê a sua representatividade aumentada exponencialmente para níveis que nada têm a ver com a sua história. É cada vez mais habitual neste desporto de milhões, em que os sócios deixaram de contar, a base de apoio é coisa de somenos e o que interessa são os dinheiros do petróleo, do gás ou de outras origens inconfessáveis. Boa sorte FC Porto.
Texto publicado na versão impressa de Record de 3 de outubro de 2012