A insegurança é visível
Por muito que os presidentes esperneiem e troquem acusações mais ou menos bacocas de segunda a sexta, nem os adeptos são todos fanáticos ao ponto de engolirem tudo o que lhes dizem, nem o que vão propagandeando se torna verdade porque sim. Os decibéis vão bem altos e a coisa ainda agora começou, o que faz temer o pior sobre a sanidade do futebol português, mas não é muito difícil perceber o porquê de tanto ralhete sem razão. Há uma insegurança visível entre os presidentes dos três grandes, ainda que com motivações diferentes.
Pinto da Costa já percebeu que o FC Porto não está a jogar o suficiente para poder começar a gerir na liga, o que daria muito jeito a uma caminhada europeia de respeito. Paulo Fonseca foi uma aposta de risco, mas pior, os jogadores contratados, tendo qualidade, mostram dificuldades em substituir Moutinho e James, enquanto estes brilham no Monaco. No futebol não há milagres e não só o técnico precisa de tempo, como os novos craques necessitam de se adaptar a realidades diferentes. O problema é que o sucesso das últimas décadas cultivou no Dragão uma exigência pouco comum em Portugal. E o presidente tenta acalmar as hostes com as suas habituais diatribes contra o clube da Luz, no fundo, porque o FC_Porto está, de facto, a jogar muito pouco.
Na Luz a razão é semelhante, mas a situação pior. Vieira é um presidente mais contestado devido aos constantes falhanços dos projetos desportivos, Jesus um treinador já com péssima relação com a bancada e o anunciado melhor plantel dos últimos 30 anos segue a 5 pontos do rival, tendo levado um baile dos antigos em Paris. O discurso dos árbitros e da transparência soa à cassete da mesma cor e se descontarmos a ala mais fanática e que engole tudo o que lhe dão, já toda a gente percebeu que o Benfica está a praticar um futebol paupérrimo, ganhando jogos assente apenas no talento individual dos seus jogadores, que é muito, mas não dá para disfarçar tudo. Esta seria a altura ideal para mudar algo no futebol encarnado. A vitória no Estoril deu para camuflar a mediocridade instalada. Resta a paragem das seleções para que o técnico emende a mão. Não há discurso que aguente mau futebol.
Em Alvalade Bruno de Carvalho mete-se com o FC Porto sempre que pode para nivelar dois clubes que hoje estão em patamares diferentes. E também porque a euforia com a equipa não deixa de causar receio, pois ainda ninguém percebeu onde pode chegar o craque Leonardo Jardim. E por tudo isto eles falam, falam, falam…