Um processo mal gerido
Algo correu mal no processo André Moreira. Não é costume ver uma estrutura profissional como a do Benfica a assumir um jogador, deixá-lo exibir a camisola do clube, treinar-se no Seixal desde o início do estágio e no mesmo dia em que anuncia que desiste da contratação, vê-lo a caminho de um concorrente na liga.
Já estamos habituados a contratações de jogadores que nunca chegam a jogar no Benfica. Por muito difícil que seja perceber alguns negócios, o clube está no seu direito. Salvador Agra foi apenas o último exemplo de um futebolista que num dia assinou pelo maior clube português e pouco depois estava emprestado ao Aves, sem representar o verdadeiro comprador. Repito, é um direito que assiste aos encarnados e provavelmente estará mais relacionado com os votos em assembleias da liga do que com a política desportiva. Aqui ela será apenas muleta de um projeto de poder.
Mas em André Moreira o que espanta é que o interesse do Benfica era público e notório. O clube confirmou as negociações, cedeu imagens do guarda-redes equipado à águia e a coisa acaba assim. Não parece um processo do Benfica dos últimos anos.
Quem agradece é António Salvador. Mais duas prendas para Abel: André Moreira e Danilo Barbosa. Está ali em construção um belo plantel.
Texto publicado na versão impressa de Record e em Premium 13 de julho de 2017