O futebol está longe de ser vida fácil
A vida fora dos relvados é uma preocupação para todos os jogadores. Infelizmente há muitos que só pensam nisso quando a carreira lá dentro acaba. Pior, isso não acontece só aos 30 e muitos, como todos gostariam, mas por vezes abruptamente devido a uma qualquer lesão ou simplesmente devido à falta de opções económicas para continuar a fazer do futebol vida.
A parceria que Record tem com o Sindicato dos Jogadores no que deu o ‘Player’s Corner’ fala hoje desta realidade tão certa como às vezes cruel. Pai de um jovem jogador, o equilíbrio estudos-futebol é muitas vezes discutido lá em casa. Não é fácil. Nem para pais nem filhos. E não falo do meu, que poucos problemas tem dado e no período passado regressou ao quadro de honra da escola (pai babado, sim) . Mas não é fácil para nós, pais, equilibrar a exigência com a vontade de deixar os filhos perseguirem os seus sonhos. Entre as lesões, as opções dos treinadores, a escolha do clube, o teste de matemática, os exames e o curso a seguir… confesso, a coisa deixa-me de rastos.
Revejo-me muito, por tudo isto, nos interessantes testemunhos dos presentes no debate de ontem. De Rui Jorge a Tarantini, entre outros, o alerta da importância de conseguir o balanço entre os dois mundos é real. São muitos, demasiados, os pais que pensam ter nos filhos Cristianos Ronaldos e a futura independência financeira. Não só lhes aumentam a pressão, como os miúdos se esquecem de como divertido deve ser jogar à bola. Para isso já bastam os adversários. Não os do campo, mas os da vida.
Sei que cada um educa como quer. E na vida não há fórmulas corretas. Apenas as que nos parecem ser melhores, aos nossos olhos sempre deformados pelo amor que sentimos. Eu por exemplo, só quero que os meus não se lesionem. O outro é judoca. Agora imaginem…
Texto publicado a 19 de maio de 2017