A equipa dispensava as eleições
Texto publicado na versão impressa a 20 de janeiro de 2017 e em Record Premium.
O Sporting vive uma crise desportiva evidente e com eleições à porta. O sufrágio é em si um ato perfeitamente natural e até salutar, quando se perspetivam já três candidatos. Não podia era chegar em pior altura para uma equipa em claro défice de confiança e que vê escalpelizados os problemas, de forma honesta ou mais colada a uma e outra cor, quando precisava era de paz e sossego para tentar reencontrar o caminho do sucesso. Ninguém tem culpa. Nem Bruno de Carvalho, nem os opositores. A vida tem datas e fosse o Sporting na frente não só os candidatos seriam menos, como os discursos menos fraturantes. No fundo, o que comanda os clubes são os resultados. As vitórias tudo disfarçam, as derrotas tudo colocam em causa. Papel difícil o do atual líder. Manter viva uma chama que lhe permita a reeleição e ao mesmo tempo comandar um clube que precisa de decisões claras e fortes para que a presente época não seja um tormento ainda maior. Mostra nervo ao segurar Jesus e convidá-lo para a Comissão de Honra. Os votos não são tudo.
Bruno de Carvalho é hoje atacado por muitos quadrantes. Dos sportinguistas que lhe desejam legitimamente o lugar, aos rivais que farejam a oportunidade de derrubar quem tanto trabalho tem dado. É mais fácil destacar o erro que foi berrar com os jogadores em Chaves do que elogiar a coragem de enfrentar os adeptos em ira. O homem é o mesmo. Tem defeitos claros e virtudes evidentes. Como quase tudo na vida.
A apresentação de Madeira Rodrigues foi clara. Mostrou ao que vem e apresentou ideias diferentes das do atual líder. Cabe aos sportinguistas perceberem quem melhor defenderá os seus interesses. Há tempo para isso. Tanto, que Mário Patrício também equaciona uma candidatura. Um homem mais próximo das bases e que pode ter apoios sonantes. Haverá ainda mais interessados?