Quando há bons profissionais
ONYEWU NÃO É UM GRANDE TALENTO. NUNCA SERÁ UM FORA-DE-SÉRIE. MAS HOJE É QUASE VITAL NO SPORTING. DOMINGOS SABE-O BEM.
Foram muitos os que arrasaram as contratações do Sporting após os primeiros resultados na Liga. O imediatismo dos dias de hoje e o clientelismo que por aí campeia levam à produção de opiniões que, muitas vezes, não chegamos a perceber se são feitas de camisola vestida, para agradar a clubes, ou simplesmente porque pensar dá trabalho e se torna mais fácil ir acompanhando a atualidade com preconceitos e frases feitas. Só que em Alvalade, como na Luz ou no Dragão, umas vezes acerta-se e outras falha-se. E o leão comprou muito.
Onyewu é um dos que foi logo arrasado. O jeito desajeitado do norte-americano propicia a piada fácil. Só que há mais para além do que os olhos veem na primeira impressão. O central é referência no jogo aéreo, líder dentro e fora de campo, profissional que em Alvalade dizem exemplar. E apesar da alcunha “capitão América”, vai mostrando uma noção clara das limitações técnicas, fazendo com Polga uma dupla interessante. E já resolveu dois jogos. Desde Tonel que ninguém o fazia de leão ao peito. E esse também não era um poço de talento.
É muito importante num grupo de homens ter bons profissionais. Há quem prefira ter menos talento e mais gente que prefira quebrar a torcer. Onyewu parece do estilo. Tem tempo para prová-lo. Até agora Domingos tem sabido retirar do internacional americano o melhor que ele tem para dar. E, confesso, também eu achei após os primeiros minutos que este central era um cepo sem emenda. Só que aprendi com Beto Acosta a dar tempo ao tempo e a respeitar a ambientação de jogadores experientes. Há erros que só se cometem uma vez.
O treinador soube ganhar espaço para Onyewu e construir com ele e Polga a dupla de centrais improvável. O primeiro era arrasado a cada minuto que fazia, o segundo estava etiquetado para seguir caminho, apesar de farol nos tempos de Bento. Domingos preferiu não queimar nenhum. E com a lesão de Rinaudo ainda teve tempo para pegar em Carriço e fazer dele o 6 por quem o Sporting desesperava quando perdeu o argentino. Boa gestão num grupo ainda curtinho para grandes ambições. Atenção é com o passeio a Roma. Muita poupança pode acabar mal.