Leão dá-se mal com euforias
Um tremendo balde de água fria na pré-época do Sporting a derrota de ontem por 3-0, em casa, frente ao Valencia. Nada fazia prever tamanha debacle mas os sinais de euforia em redor da equipa de Domingos eram já excessivos para um grupo que em termos de compromissos difíceis tinha ultrapassado apenas a Juventus.
A humilhação caseira em noite de apresentação não tem quaisquer custos desportivos e se o plantel leonino for constituído por homens de barba rija não será este resultado que o vai abalar. Há, no entanto, uma cicatriz que fica aberta com uma enorme franja de adeptos: aquela que não ia a Alvalade há muito tempo e que ontem se sentiu novamente atraiçoada, perante tamanho desconsolo. Não é a equipa de Domingos que terá mais trabalho para fazer esquecer este 3-0, mas sim a comandada pelo vice Carlos Barbosa, o homem do marketing que prometeu um Sporting num grau acima do FC Porto em apenas um ano de trabalho e que dificilmente venderá mais gameboxes assente numa euforia tola, que raramente leva a lugar algum a não ser becos sem saída.
No Sporting fica nítido que há ainda muito a fazer. A defesa foi um desastre na primeira metade, o meio-campo nunca se encontrou e o ataque não faz milagres quando atrás as coisas não carburam. Onyewu fora de forma e com dificuldades para travar a velocidade de processos dos espanhóis, Carriço nunca o parceiro seguro desejado. Boas notícias? Rodríguez e Polga exibiram-se muitos furos acima e até pareciam conhecer-se bem.
No miolo desilusão com a dupla Rinaudo-Schaars, desta vez incapaz de transmitir velocidade e segurança, mas também pela ausência de Yannick e Izmailov, longe do centro de operações e incapazes de desequilíbrios.
No fundo, muita coisa para Domingos rever. De positivo, quem sabe, o facto de o leão que ontem ficou na jaula ter, com isto, descido à terra. Difícil será fazer as pazes com a ala mais cética de Alvalade. Só com vitórias…
