Proença está a comer o que não pôs no prato
Pedro Proença tem levado muita porrada nos últimos dias a propósito do contrato milionário do Benfica com a NOS e dos protestos de quem não foi contemplado.
No essencial, os doutos comentadores da nação, habituados a parir sentenças, argumentam que o presidente da Liga é um verbo de encher, o que, de certo modo, é o modo de vida dos primeiros.
Eu sei que posso parecer chato mas a realidade é bem diferente.
Antes do mais, importa dizer que os estatutos da Liga foram alterados em junho com o objetivo de não permitir decisões unilaterais do seu presidente. Hoje, o poder da Liga está centrado na sua direção e desta faz parte, por exemplo, o Benfica, para além de FC Porto, Sporting, Rio Ave, V.Guimarães, Oliveirense, Freamunde, Portimonense e um representante da FPF (Hermínio Loureiro). Foi esta direção que, por unanimidade, definiu um Business Plan para os próximos 4 anos e uma das medidas aprovadas foi a centralização dos direitos televisivos.
Ora, Pedro Proença conheceu o negócio NOS/Benfica através da comunicação social! Depois de 5 reuniões com o representante do Benfica no colégio da Liga!
Logo, se alguém tem de ser responsabilizado por esta ultrapassagem pela direita não é apenas Pedro Proença mas toda a direção da Liga, entre os quais o…Benfica.
Depois, a Liga teve nos últimos dez anos cinco presidentes e todos tentaram a centralização dos direitos e nenhum conseguiu. E, que se saiba, Pedro Proença apenas cumpriu 4 meses de 4 anos de mandato.
Mas, sabe BnA, que gosta sempre de estar bem informado, o novo presidente da Liga não está propriamente a tentar passar por entre os pingos da chuva. A Liga já estuda uma espécie de mecanismo de solidariedade, tentando diminuir o fosso de receitas entre os maiores e o mais pequenos, sob a lógica de que sem pequenos não há grandes. Medida a apresentar numa próxima assembleia geral da Liga.
O desafio que Proença vai lançar aos grandes é precisamente o de adjudicarem verbas dos chorudos contratos que estão prestes a assinar para distribuir pelos outros. Falta apenas saber se os ricos estão dispostos a dar aos pobres uma esmola ou realmente algo que se veja. É aí que vamos ver se Proença tem capacidade para se assumir como a voz dos chamados pequenos e médios clubes, isto se António Fiúsa não se importar de lhe ceder os direitos de autor.