Boavista: devagar se vai ao longe
Num país que viveu muitos tempo acima das suas possibilidades, o Boavista também pagou a fatura de ter sonhado acordado mas todos sabemos que a crise que viveu se ficou sobretudo a dever a uma descida administrativa que acabou por ser anulada na justiça desportiva e que nem chegou a ser analisada na justiça comum.
O Boavista, como se sabe, desceu de divisão sob a acusação, confirmada numa reunião do Conselho de Justiça da FPF que não contou com a presença do seu presidente e de um vice-presidente, de coação sobre árbitros. Entendeu-se, também em sede da Comissão Disciplinar da Liga, que, através de Valentim Loureiro e João Loureiro, o Boavista condicionou o trabalho de alguns árbitros, sob a ameaça de dano nas respetivas classificações. Só um deles disse, quando foi ouvido, que sentiu esse machado a pender sobre o respetivo pescoço. Bastou.
Agora, quando estão em causa vouchers, roupões e caixas de enchidos, o Boavista luta apenas por conseguir permanecer, humildemente, na 1.ª Liga, para onde voltou sem ser ressarcido dos prejuízos causados por uma justiça que tem dois pesos e duas medidas.
O Boavista luta por cumprir um plano de pagamento que lhe tira dos cofres 80 mil euros por mês e que, naturalmente, limita a ambição desportiva.
Mas, pelo que sei, o Boavista está perfeitamente consciente de que não se pode atrever a dar um passo maior que a perna que lhe cortaram. Vive com uma estrutura quase minimalista mas que funciona sobretudo graças à generosidade de quem a integra, de que é grande exemplo o administrador da SAD Diogo Braga, uma espécie de faz-tudo no clube que mora no Bessa.
Com poucos, mas empenhados, o Boavista vai fazendo o seu caminho. E chegará o dia em que voltará, certamente, a poder mostrar as garras da pantera que já se vêem neste mural na praça do estádio.