TORRES E O SAQUE (QUE) MATA
Há noites assim…
Aqui na tertúlia da minha rua os benfiquistas já faziam contas à final da Euro Liga. Não costumam dar bons resultados estas antecipações transportadas pela euforia. Sobretudo quando a questão tem de ser resolvida entre “reds”. Jorge Jesus mudou as pedras do tabuleiro e viu a sua equipa sofrer um xeque mate com um movimentos de Torres. Há que nunca desprezar esta peça que, quando não tem obstáculos pela frente, galga todo o tabuleiro em movmentos verticais e horizontais que nem o Luís Freitas Lobo conseguiu ainda traduzir para o moderno futebolês nem Carlos Carvalhal conseguiu encaixar metodologicamente na sua periodização táctica (que presumo ser a capacidade de um treinador comandar certos clubes durantes curtos períodos de tempo, ou será que não é?).
O futebol é um jogo simples e também por isso é tão popular.
Por isso, não se irritem com o ruído provocado quer pelo Augusto Marques quer pelo Rui Santos mais o seu estrambólico Factor F, um factor que é de facto f…
Há vida para além do futebol, dos seus resultados e de toda a hermenêutica que os ditos especialistas desenvolvem a propósito.
Eu, por exemplo, comecei o dia a classificar um ceitil e um real preto, maravilhei-me a seguir com as minudências do Paço de Sintra, comi uma tosta mista com molho de francesinha, falei das proteínas de um Austrolopitecus chamado “Abel”, deixei descair o carro contra uma carrinha, tentei perceber se Paulo Sérgio vai ser mesmo treinador do Sporting, disse umas baboseiras no facebook, fumei dois ou três cigarritos, vi parte do jogo do Benfica e agora estou aqui quando já devia estar na cama porque amanhã tenho de alar as redes às 7 da matina.
Justificando o facto de ter descido ao escritório e de não estar na net a ver gajas nuas, quer-me parecer que o Benfica saiu da Euro Liga por manifesta incapacidade para se bater com uma equipa que já não usa caixa manual (estas analogias automobilísticas são mesmo um tique profissional). E cujo treinador não inventou. Provavelmente, esta derrota serviu para JJ mostrar a LFV que, afinal, para o tal super Benfica ainda faltam jogadores.
Não posso admitir que a culpa da goleada em Anfield Road seja assacada a um brasileiro com o nome daquele que foi provavelmente o maior político da história mundial depois de Avelino Ferreira Tores e Isaltino Morais. Futebol é futebol mas História é História. Que se façam trocadilhos com Jesus e com o Papa ainda admito. Mas com César não. O homem não tem culpa deste jogo de Brutus.