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As prendas dos árbitros

7 Outubro, 2015 1933 visualizações

O Sporting levanta agora a questão das prendas que os árbitros recebem nos estádios, a propósito de um livro sobre Eusébio com vouchers para jantares no Terreiro do Paço.

Quem pensar que é assim que se compra um árbitro ou é lírico ou está apenas a brincar.

Há prendas e prendas.

Por exemplo, o tal serviço Vista Alegre que uma vez o árbitro Jorge Coroado recusou do então presidente do Beira-Mar, Silva Vieira, que até era comerciante de bacalhau.

Uma entrevista em 2006 do próprio Coroado toca no ponto principal da pressão sobre os árbitros e, acreditem, não estou a falar em prendas.

Quanto a estas, durante muitos anos os árbitros foram contemplados com verdadeiros cabazes de natal. Viajar para a Madeira sempre foi um destino apetecido, tal a carga de produtos locais que se embarcava na volta. Chaves também era outro destino querido, onde cada árbitro era contemplado com um presunto. Um dia, um deles chegou a Chaves e não encontrou o presunto da ordem no balneário. Tudo porque tinha apitado um jogo que correra mal ao Desportivo. Durante o jogo, o árbitro em questão fartou-se de distribuir cartões pelos jogadores do Chaves e sempre que o fazia dizia “toma lá um presunto”.

Mas quem fala em bacalhau fala também em viagens faturadas por engano a clubes. Ou a jantares em marisqueiras.

Um dirigente hoje menos ativo era mesmo especialista em aparecer na casa dos árbitros nos dias de aniversários dos mesmos, com uma prenda para assinalar a data. Um gesto de pura cortesia, claro.

Mas tudo mudou, felizmente, sobretudo após o Apito Dourado, processo que, como se sabe, versou a oferta de filigrana e almoços aos árbitros que apitavam os jogos do Gondomar e que também recebiam relógios dos dirigentes do principal rival deste clube, o Sandinenses. Nesse mesmo processo, um árbitro confessou que recebeu do Benfica uma peça de cristal e estou aqui a falar de um árbitro que já passou pelo quadro principal e que numa época foi 2.º classificado e na seguinte desceu de categoria…

Eu próprio também já recebi algumas prendas. Por exemplo, num natal um presidente ofereceu-me algumas garrafas de vinho e um envelope com 100 contos, o que na altura era dinheiro que se visse. Era, como disse, um simples gesto de cortesia mas fiquei com as garrafas e devolvi o dinheiro.

Era aqui que queria chegar. Os árbitros têm um limite para estas prendas e têm de ser eles a definir o que é cortesia e o que pode ser a intenção de obter algo mais. O Bayern de Munique, por exemplo, oferece sempre aos árbitros uma caneta “Mont Blanc” e não me parece que custem menos que os tais 183 euros definidos pela UEFA como limite.

Bruno de Carvalho, na qualidade de paineleiro convidado do programa “Prolongamento”, acertou ao lado.

A grande questão não está nas prendas que os árbitros recebem mas sim nas pressões que recebem, nomeadamente quando lhes dizem que podem ser as suas carreiras prejudicadas e depois se verifica que tal pode mesmo ter acontecido…

Mas lá está. É sempre mais interessante atirar os foguetes e apanhar as canas.

E agora, desculpem-me, vou só ali tomar o meu café com leite matinal.