ARTUR AGOSTINHO
Artur Agostinho era um comentador por excelência que fica na história da Comunicação Social portuguesa. Tal como Jorge Perestrelo, era inimitável embora muitos o tivessem querido imitar. O que basta para classificar a personalidade e o profissional.
Falei apenas uma ou duas vezes com ele. A última foi num almoço de aniversário do Record, quando a direcção entendeu entregar-me o prémio de “Repórter do Ano”, o mais troféu da minha carreira pois foi conseguido um ano e meio depois de ter chegado a este jornal, vindo de A Bola.
Fiquei ao lado de Artur Agostinho e conversamos. A dado momento disse-lhe que nunca tinha esquecido um livro seu que tinha lido no final da adolescência. O “Até na Prisão Fui Roubado”, onde o grande comunicador contava a saga da sua prisão às ordens do COPCON, em pleno PREC. Artur Agostinho ouviu-me e senti que ficou emocionado. Emocionado por recordar um momento em que foi o vilão, o colaborador do regime, o fascista…
Artur Agostinho, como todos sabem, teve de se exilar no Brasil. Felizmente os barbudos sabujos desapareceram de cena e transformaram-se em “gente de bem” e Artur Agostinho pode voltar. Morreu reconciliado com os portugueses, mesmo com aqueles que o roubaram na prisão.
Adeus, mestre.