Um Pritzker para Mesquita Machado
O Estádio Municipal de Braga, dito também AXA ou simplesmente A Pedreira, está longe de ser consensual sobretudo para quem nele trabalha. É possivelmente o estádio com a funcionalidade mais estúpida do mundo, obrigando jornalistas e espectadores a esperas intermináveis pelos elevadores ou a subir e descer uma escadaria interminável. Até os jogadores têm de apanhar o elevador para descer ao relvado. Para além disso, é no Inverno um estádio tenebroso, pois apenas na zona VIP tem zonas aquecidas.
Por outro lado, é um estádio de uma estranha beleza. Só mesmo um português com génio – que ainda os temos… – seria capaz de conceber um estádio no meio de uma pedreira. Um estádio que custou mais de 150 milhões de euros mas que está longe de ser um elefante branco, sendo também local de atracção para muitos turistas e arquitectos estrangeiros.
Vem isto a propósito do prémio Pritzker atribuído a Souto de Moura e dos elogios de Obama ao estádio bracarense.
Sem querer ofender o meu amigo Germano Almeida, biógrafo lusitano do preto que está na Casa Branca, Obama equivocou-se. Disse o presidente dos Estados Unidos que o arquitecto concebeu um estádio de tal maneira que o público pode seguir os acontecimentos desportivos desde as colinas. Todos sabemos que a CIA tem satélites em todo o lado mas quem conhece o AXA sabe bem que está metido num buraco que agora até podemos considerar um buraco Obama. Portanto, caro presidente, esteja atento: a CIA não lhe está a passar toda a informação…
Portanto, não é só o Sócrates ou o Eugénio Queirós que se enganam.
O Obama também.
Só mais uma coisa: Mesquita Machado, o presidente de câmara português que mais percebe de arqueologia, sendo ele também uma espécie de peça arqueológica, criticou os críticos do estádio e do processo da sua construção e considerou que o investimento teria valido apenas pelo simples facto de ter Obama ter referido o nome da cidade de Braga. MM, que cobra 500 euros de aluger mensal ao Sp. Braga pela utilização do estádio, deve estar já a preparar-se para receber milhares de turistas norte-americanos, curiosos em conhecer sobretudo o novo “P” da cidade dita dos arcebispos. P de pedreira, evidentemente.
O mais estranho de tudo isto foi Obama não ter mandado um grande abraço ao colega Mesquita Machado.
É algo mesmo de muito estranho. Como o estádio, afinal.