Sp. Braga: um caso de sucesso sem exemplos
Ainda trabalhava no jornal “A Bola” quando fui destacado para fazer reportagem em Braga, no velhinho 1.º de Maio. Não era costume mandaram-me para aqueles lados mas lá fui. Cheguei um bocadinho atrasado e encontrei os meus colegas no hall à conversa com um jovem com opiniões no mínimo desabridas. Entrei na conversa e esta foi rolando até que o personagem se despediu.
– Quem é esta peça?, perguntei aos meus colegas especialistas no clube.
– É o presidente, o Salvador. – esclareceram estes.
A partir desse dia fiquei curioso sobre o percurso do novo líder do clube bracarense. O tal que nos últimos anos juntou ao sucesso desportivo o sucesso financeiro. O Sp. Braga será em breve o único clube português sem passivo bancário, o que é notável, e se vender Pizzi em Dezembro terá garantido 22 milhões de euros no próximo exercício (mais o 7 milhões de Sílvio).
A SAD bracarense, cujo segundo maior accionista é a Sportinveste de Joaquim Oliveira, tem ainda 14 milhões de passivo para resolver mas está claramente no bom caminho: a equipa afirmou-se como 4.º grande do nosso futebol e começa a ter orçamentos, logicamente suportáveis, na ordem dos 20 milhões de euros. Há alguns anos isto seria algo de impensável.
Salvador mudou o chip. O clube está em contra-ciclo com a crise generalizada mas tem de saber dosear o esforço pois já tem 76 funcionários nos seus quadros, tendo a rubrica ordenados consumido na última época 7,5 milhões de euros. Na época precisamente em que os elementos do conselho de administração passaram a ter direito a senhas de presença, o que implicou um gasto na orde dos 100 mil euros.
Para o Sp. Braga neste momento tão importante como continuar a valorizar ativos no mercado internacional e a facturar nas competições europeis é não cair na tentação de querer dar um passo maior que a perna.