O convénio dos presidentes
Reuniu-se mais uma vez o convénio, sob a presidência do Criador da Terra, do Universo, do Lego e da Coca-Cola (o segredo desta bebida era até hoje este).
Deus disse:
– Muito bem, rapazes, está eleito o presidente da FPF. Já podemos mandar o Madaíl para as Bahamas.
(em uníssono, produz-se um sonoro “ohhhhhhhh”).
Sentado a um canto, um recente doutor em direito atreve-se:
– Poderoso, foi descoberto recentemente um planeta com condições para a vida humana, a 20,5 anos-luz da Terra…
Deus, sempre complacente, interrompeu-o:
– Tó, não vamos tão longe. Nassau serve.
Posto o que o Papa dos presidentes tomou a palavra:
– É só para informar que nada tenho a ver com isto, a minha guerra é o FCP, há muitos anos que não me interesso por estes jogos de poder. Pouco me importa quem é o presidente da FPF ou da Liga.
– Ora essa!, atirou o antigo presidente do Alverca. – Até parece que não sabes que o presidente da FPF foi teu administrador no clube, pelo menos até àquela visita a Londres…
– Poderoso – atirou PC -, quando um burro fala o outro baixa as orelhas… Mais a mais, esse senhor gosta sempre mais dos meus ex-amigos que dos seus amigos. Falem com o Veiga e com o Gomes.
– Isto assim não dá, fez-se ouvir Gordinho, o Lopes. Estamos a falar de uma eleição completamente atípica, pois não houve recontagem de votos, pelo menos foi o que me disse o Duque das Cenas Tristes.
– Vamos ter calma, fez-se ouvir Deus. Não estamos no Xeque-Mate e aqui serve-se champanhe e não espumante da Bairrada.
– Ok, ok… a bebida é boa mas o acompanhamento nem por isso, acrescentou um pequenino com ar de trolha.
– Meus amigos, estamos aqui para falar de coisas sérias – continuou o Poderoso – até porque no fim quem paga a conta sou eu. Aceito por isso sugestões para o novo presidente da Liga.
– Eu cá proponho o José Sócrates, ouviu-se no fundo da sala.
Um silêncio negro varreu o cenário e os anjos que pairavam colapsaram sobre os tapetes persas.
– Pom!
– Mau Maria, desabafou Deus. Deixem o homem filosofar em Paris ou será que querem uma hecatombe.
Como poucos sabiam o significado da palavra, apenas o atrevido lá do canto se sentiu com coragem para argumentar:
– Poderoso, eles se calhar têm razão. O homem veste bem, faz jogging, é milionário, conhece os grandes ditadores, vende mais computadores que os chineses e até a dormir constrói auto-estradas. Para já não falar nos estádios do Euro, no TGV, nos aeroportos da Ota e de Alcochete, na fábrica da Nissan em Cacia, no Freeport e nos robalinhos.
– Tó, ou te calas de vez ou vais de novo treinar o Penafiel! – ameaçou Deus.
– Vou meditar neste assunto mas garanto-vos uma coisa: neovalentinismo nunca mais! Por isso, e embora não tenha meditado, pois tenho estatuto para isso, quem vai ser o presidente da Liga é o Ricardo Costa!
O silêncio cortou como facas numa noite longa.
Deus deu por encerrada a sessão. Os presentes foram saíndo da sala de fininho e quando se apanharam fora telefonaram logo para o Madaíl. Nas Bahamas há sempre lugar para mais um pois em Gondomar já estão todos os lugares preenchidos.
