FC Porto mais sólido, Sporting e Benfica no arame
Ponto prévio, não vamos aqui pôr em discussão o valor e a capacidade dos adversários dos 3 grandes nesta primeira ronda. Só vamos dizer que o FC Porto defrontou um histórico do futebol luso enquanto o Benfica teve pela frente um Estoril que passou o defeso a ver quem é que ia tomar conta da loja enquanto o Sporting jogou com o estreante Tondela em campo neutro.
O FC Porto pereceu-me a equipa mais sólida e mais determinada neste momento. Perdeu Jackson e Quaresma mas o ADN está lá. É verdade que ainda se ouviram uns ténues assobios no Dragão, quando estava 1-0 e a equipa errou alguns passes, mas deu para perceber que a filosofia Lopetegui foi reforçada muito graças às presenças no meio-campo de Danilo e Imbula, duas forças da natureza, o que até deu para dar de barato a exibição inconsistente de Herrera – e depois apareceu Aboubakar a ocupar perfeitamente o lugar que era do Cha Cha Cha (esperemos pela confirmação).
Quanto ao Sporting, conheceu inesperadas dificuldades em Aveiro e só ganhou graças a um golo precedido de grosseira irregularidade, numa situação que põe em causa a articulação do trabalho das equipas de arbitragem, pois o bandeirinha estava atento apenas ao que se passava na área e o árbitro não cuidou da qualidade técnica do lançamento da linha lateral de João Pereira. De qualquer maneira, realça-se a forma enérgica e determinada como Carlos Xistra apontou para a marca dos 11 metros…
O meio-campo do Sporting afinal, como se viu, não é aquela máquina, e soçobrou perante a pressão colocada pelos jogadores do Tondela. De qualquer maneira, JJ continua com a sua estrelinha e esta conta muito. Muito mesmo.
Quanto ao Benfica, o resultado final mascara o que foi uma exibição no fio da navalha. Antes do primeiro golo, apenas ao minuto 74, os bicampeões nacionais tiveram oportunidades para marcar mas as melhores ocasiões pertenceram ao Estoril, que viu o jovem árbitro internacional sorteado, perdão, nomeado deixar no bolso uma clara grande penalidade cometida por Luisão, que iria implicar a expulsão do capitão do Benfica, com o resultado ainda a zero…
Este resultado serve para sacudir o nervosismo e pode funcionar como desbloqueador, até porque vêm aí jogos teoricamente fáceis, até ao encontro, na 5:ª jornada, com o FC Porto.
Dá para perceber que o Benfica está com problemas defensivos e que, sobretudo, ataca de forma caótica e desorganizada. Mas é algo que se pode ajustar de um momento para o outro numa equipa com jogadores de qualidade, como é o caso.
Quanto aos outros jogos, gostei do que vi em Braga. Cada vez gosto mais de Paulo Fonseca, um treinador que assume um modelo de jogo – ou forma de jogar… – de risco, com dois pontas-de-lança e dois homens a abrir e a entrar pelo meio também, assente no trabalho de sapa de dois trincos e também nos passes de rutura sobretudo de Luiz Carlos e até dos centrais. Não é um modelo original, o Benfica de Jesus também era um bocadinho assim, mas, convenhamos, não é para todos… Também gostei do Nacional da Madeira, uma equipa focada e com bons princípios mas que se perdeu demasiado nas marcações ao homem.
De resto, Lito Vidigal continua a mostrar que é um treinador que apresenta resultados e o seu Arouca começou com uma vitória fora em Moreira de Cónegos, onde, esta época, Miguel Leal terá um osso duro de roer.
Excelente início também para Norton de Matos no U. Madeira, logo com uma vitória no dérbi com o Marítimo, e também para Petit, com o Boavista a marcar dois golos apenas com dez homens em campo e a mostrar assim que aquela história do sangue, suor, trabalho e lágrimas não foi apenas uma blague de Churchill.
Uma nota final ainda para a facilidade com que os árbitros estão a assinalar penáltis…