José Sócrates e os negócios do futebol
Pode parecer bater no ceguinho mas quem passa por aqui sabe bem que esse não é o registo deste blogue.
José Sócrates está na ordem do dia e acho que será bom relembrar o que significou a sua passagem pela pasta do futebol, onde foi declaradamente o grande impulsionador do Euro 2004, na condição de titular, nos finais dos anos 90, da pasta do desporto.
Carlos Cruz foi o RP, José Sócrates o mentor, Gilberto Madaíl ajudou a fazer lobbing e Portugal pôde construir dez estádios magníficos, sendo que hoje o de Aveiro, o de Leiria e o do Algarve estão às moscas e ninguém sabe o que fazer com eles. Três em dez é coisa pouco, poderão dizer, mas é bom lembrar também que foi muito por causa do novo Estádio do Bessa que o Boavista caiu no poço, que o de Braga custou mais de 150 milhões de euros e o arquiteto que o concebeu recentemente exigiu mais 4 milhões de euros e tudo o que foi a trapalhada à volta da construção do Estádio do Dragão, para além dos casos suscitados por Alvalade e Luz…
O investimento público foi superior a mil milhões de euros (peanuts quando comparado com o que foi preciso meter no BPN) e ninguém pode negar que teve algum retorno, embora algumas câmaras municipais tivessem sido completamente entaladas com os empréstimos que tiveram de contrair.
Uma coisa é certa: houve investimento em estádios e vias de acesso e as empresas de construção tiveram no projeto Euro 2004 uma importante âncora. Infelizmente sobraram algumas contas que ainda estamos a pagar.
Nesse entretanto, o que mudou?
Pois bem, o homem do marketing está na prisão da Carregueira, Gilberto Madaíl anda por Aveiro a passear, Miranda Calha desapareceu do mapa e José Sócrates deu origem à operação “Marquês”.
Dez anos depois do Euro que perdemos para a Grécia, os heróis condecorados estão expostos na praça pública. É o outro lado da moeda. Tal como aconteceu com o Euro 2004: uma face muito positiva e bonita, a outra toda corroída.