Shikabala e bolinhos
A mega estrela egípcia Shikabala foi pólvora seca.
O n.º 7 está de malas aviadas depois de uma série de episódios que foram para além dos limites de tolerância: depois de ter encenado um problema com o visto militar para ficar mais uns dias no Egipto, pelos vistos também desligou o telefone nas últimas horas do mercado, fazendo abortar um empréstimo que estava acertado. Isto é o que se conhece pois muitos mais haverá para contar e é isso mesmo que se espera dos jornais – que nos contem, e bem, estas histórias.
O que neste caso me faz espécie (gosto da expressão) é a incapacidade dos clubes e dos seus dirigentes e treinadores para domar este tipo de feras, ou seja, jogadores especialmente talentosos mas com um génio imprevisível.
Manuel José bem avisou toda a gente para o feitio instável do craque que fez o Sporting disparar para além da barreira do 1 milhão de seguidores na sua página no Facebook, o que terá sido a única proeza de Shika nesta sua passagem pelo Sporting.
O que custa a entender é o Sporting não ter entendido que um jogador com este perfil tem sempre de ser parado na antecipação, mesmo tendo em conta que se trata de um elemento de uma cultura que construía colossos arquitetónicos e era senhora de uma sabedoria de ponta enquanto por cá, há três mil anos, a malta andava dispersa pelos montes e a planície ainda sem saber muito bem o que fazer com o ferro e a pedra.
Custa-me ver talentos desperdiçados tão facilmente especialmente por quem mais precisa deles para voltar a ser quem pensa que é mas já não é.
