O xito de Figueiredo e Deus
Para os frequentadores deste espaço que ainda dão algum crédito ao seu autor, o que aconteceu nas eleições da Liga não é uma surpresa. O que prova que nem sempre mandamos bolas para o pinhal.
O xito de Mário Figueiredo era, aliás, previsível.
O atual presidente da Liga foi o último a apresentar-se como candidato embora Record, no tempo certo, tenha dito que ia ser candidato (e até o anunciou na 1.ª página).
Figueiredo terminou este mandato praticamente sozinho. Carlos Deus Pereira, pessoa muito próxima de Vieira, acabou com ele e, na condição de líder da AG, tinha a faca e o queijo na mão.
Fernando Seara ajudou à festa com aquela estúpida viagem ao Porto para se juntar a Pinto da Costa, Júlio Mendes e António Salvador.
Rui Alves mais uma vez cumpriu o seu papel e foi corajoso. Mas também ele acabou por cair nas malhas que o sistema tece.
A lei, como todos sabem, está longe de ser clara. Tem muitas nuances. E foi por aí que Figueiredo e Pereira deram o tal xito mas também houve estratégia. Dizer o contrário será diminuir o mérito de quem o teve.
Seara já está fora. Nesta sua segunda passagem pelo futebol percebeu que pouco mudou. Há uns anos, na qualidade de membro da AF Lisboa, o ex-presidente da câmara de Sintra fartou-se de levar xitos de um dirigente que a elite lisboeta considerava um bronco: Adriano Pinto. Mas o então presidente da AF Porto era um general. Um estratego.
Nunca mais esqueço um dia em que fui a Lisboa para uma assembleia geral da FPF no Altis e acabado de entrar no Altis fui abordado por Seara, que queria perceber a estratégia de Pinto. Apenas lhe disse: “Tranquilo, doutor, vai levar mais um xito”.
Obviamente, ninguém pode concordar com o que aconteceu neste processo de eliminação de candidatos. É algo que fere o processo democrático. Mas, eis a pergunta que faço, há democracia no futebol? Não creio.
Figueiredo segue a única lei que o nosso futebol conhece. A da selva. E aí, meus amigos, só podemos ter todo o cuidado quando saltamos de uma árvore para nos agarrarmos a uma liana não vá o galho partir-se.
E mais uma vez www.record.pt esteve em grande, contando tudo o que aconteceu.