Os bidons e o medo cénico
Foi Carlos Carvalhal quem um dia trouxe para o léxico do futebolês a expressão “medo cénico”. Aconteceu quando treinava o Leixões e a equipa de Matosinhos lutava pela subida com o Marco e foi jogar às Antas com o FC Porto, onde empatou a zero e comprometeu o seu objetivo.
Outro treinador, cujo nome se perdeu na minha memória, o que costuma acontecer depois de uma certa idade, também disse um dia sobre o mau momento da sua equipa que esta mesmo jogando contra uma equipa formada por onze bidons iria sempre perder.
Vem isto a propósito dos empates de Benfica e Sporting após a derrota do FC Porto no Funchal.
O Benfica desperdiçou a oportunidade de aumentar de 3 para 6 pontos a sua vantagem sobre um FC Porto que já venceu em casa por 2-0.
O Sporting apenas aumentou de 1 para 2 pontos a sua vantagem sobre o FC Porto antes de se deslocar à Luz.
Paulo Fonseca com tudo isto aliviou a pressão mas não se pode fiar nem no medo cénico da concorrência nem nas equipas de bidons que vai ter que defrontar.
O FC Porto é hoje uma equipa psicologicamente desanimada. Basta olhar para os rostos dos seus jogadores. Perdeu-se a crença e a mística foi dar uma volta. Confiar na tradicional incapacidade da concorrência será arriscar muito.
Ou este FC Porto recupera pelo menos uma pequena chama ou arrisca-se a terminar em 3.º.
Quanto a Benfica e Sporting, não restam dúvidas: o primeiro tem mais confiança que bom futebol, o segundo tem mais futebol que confiança.
Com tudo isto, a luta pelo título ganha um alento raro. Não há muito talento mas alento não falta. Mas a grandes questão está centrada não tanto nas duas equipas de Lisboa mas sim no crónico campeão nacional. Vai depender do seu estado a decisão do campeonato.